Os impactos da revolução digital na comunicação

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Liane Gotlib Zaidler  – Para a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria

Paulo Loeb é co-fundador e Diretor de Negócios da F.biz., considerada uma das três melhores agências para se trabalhar.  Foi um dos fundadores do Fulano.com, um dos primeiros sites de sucesso de entretenimento da internet brasileira. Em entrevista exclusiva à Câmara Brasil-Israel ele fala sobre os desafios e impactos da revolução digital na comunicação.

 

  1. Conte-me sobre sua trajetória profissional?

No último ano da faculdade, iniciei minha carreira como estagiário na área de marketing da Unilever. Após três anos, o amigo e empreendedor Rogerio Silberberg,  me convidou para entrar no Fulano.com.br, na época, um dos principais sites do Brasil e que viria a se tornar a F.biz. Entre 2002 e 2004, morei nos Estados Unidos, onde fiz MBA e trabalhei numa consultoria criativa chamada BrightHouse. Desde minha volta, atuo na área de negócios da F.biz.

 

  1. Como surgiu a F.biz e como é o trabalho atualmente?

Quando a bolha da internet estourou no ano 2000, perdemos muitos anunciantes do Fulano.com, essencialmente startups, que não tinham recursos para comprar mídia no portal. Já tínhamos cerca de 60 colaboradores na empresa e tivemos de encontrar um caminho para sobreviver. Portanto, de um veículo de comunicação nos tornamos uma produtora de sites porque na época, muitas empresas não possuíam sites. E passamos a oferecer nossa expertise nessa área. Ao longo dos anos, incorporamos áreas estratégicas complementares à construção de sites, tais como: planejamento de comunicação, mídia e mobile marketing. Em 2007, já éramos uma das principais agências digitais do Brasil e trabalhávamos com Netshoes e várias marcas da Unilever. Em 2011, a WPP, que é o maior grupo de comunicação do mundo, comprou 70% da agência. A partir daí, adotamos uma abordagem mais ampla da comunicação, não restringindo nossa operação aos meios digitais. Hoje, somos uma agência completa que desenvolve trabalhos para todos os meios, sejam eles online ou off-line. Atualmente, cerca de 290 colaboradores fazem parte da F.biz e atendemos clientes como Claro, Luxottica, Unilever, Netshoes, Nestlé, TOTVS, Ovomaltine e Honda Motos.

 

  1. A F.biz foi considerada uma das três melhores agências para se trabalhar e já foi destacada como a primeira no ranking de percepção entre as agências digitais pelo AgencyScope. Qual o segredo desse sucesso?

Não há segredo, e sim, muito trabalho. Temos um respeito muito grande pelos colaboradores e procuramos ter uma abertura total de informação e proximidade com as equipes. O RH é muito ativo, fazemos pesquisas constantes de clima e avaliações 360 graus com todos os colaboradores. O ambiente físico também ajuda, pois estamos instalados num prédio muito agradável no bairro de Pinheiros, em São Paulo.

 

  1. Poderia explicar como funciona a área de marketing tech e de onde surgiu essa necessidade?

Paulatinamente, o marketing passou a ser responsável pela contratação e operação de ferramentas tecnológicas que antes eram desenvolvidas por consultorias a pedido da área de TI. Apesar de ganhar mais autonomia, os profissionais de marketing se depararam com o desafio de selecionar e operar recursos complexos em dinâmicas de trabalho que, muitas vezes, são incompatíveis com o dia a dia. A área Marketing Tech surge como uma alternativa às consultorias tradicionais, que exploram uma deficiência das agências. Dominamos a tecnologia, falamos a língua do marketing e ainda somos mais baratos.

 

  1. Muito se fala sobre comunicação integrada, que não tem mais sentido separar on e off, no entanto muitos grandes anunciantes ainda separam as verbas online e off-line. Por que algumas marcas continuam a fazer essa divisão?

Essa divisão tem seus dias contados, não faz mais sentido dividir a verba por canais e sim por objetivos.

 

  1. Como você enxerga o papel das mídias sociais e dos youtubers?

São formas novas de fazer o que sempre fizemos: conversar, recomendar, criticar, trocar experiências. As mídias sociais permitem a personalização da comunicação como jamais vimos antes e estamos somente no início. Youtubers são grandes influenciadores de conteúdo e as marcas se aproveitam disso para se comunicarem com seus consumidores. Como toda moda, hoje tem muita gente nessa área, mas somente os melhores ficarão.

 

  1. Você acha que hoje é imprescindível personalizar a comunicação?

Sem dúvida! A tecnologia nos permite fazer isso com muita escala e baixo custo. Conseguimos saber quem visitou determinado site e ofertar exatamente o produto e/ou serviço pesquisado, atribuindo um valor para diferentes mídias de acordo com a conversão em vendas. Nunca antes isso foi possível.

 

  1. Recentemente você esteve em Israel e escreveu um artigo sobre startups. Em sua opinião, o que faz as startups israelenses terem tanto sucesso?

Acredito que são três coisas: a necessidade de sobrevivência, educação e Chutzpah.

 

  1. Como você enxerga o movimento do empreendedorismo no Brasil desde a criação do Fulano?

A Endeavor é referência no assunto, capacita empreendedores e fomenta o ecossistema de empreendedorismo no País. Quando o Fulano.com foi criado, o termo empreendedorismo nem existia. Acredito que estamos passando por um ótimo momento para empreender, principalmente devido a retomada econômica associada aos serviços e produtos de baixa qualidade no País em relação ao que vemos nos Estados Unidos, Europa ou Ásia. Nesses lugares, quase tudo está pronto. E aqui existe muito espaço em quase todos os setores da economia.