Uma nova tecnologia desenvolvida pela startup israelense Azure PCR pode diagnosticar se uma doença tem origem viral, bacteriana ou fúngica. Essa tecnologia permitirá que uma pessoa que acorde tossindo ou com dor de cabeça possa, em vez de ter que marcar consulta médica, ir a uma farmácia e fazer o teste para determinar a origem da doença.
A tecnologia da Azure PCR simplificou o processo de detecção, diagnóstico e acompanhamento de doenças infecciosas. “Isso é muito importante em termos de tratamento de doenças resistentes a medicamentos”, diz Aron Cohen, CEO da Azure PCR. O criador dos Muppets, Jim Henson, morreu em 1990, aos 53 anos, de uma infecção bacteriana resistente à medicação, antes que os médicos pudessem ter tempo para identificá-la. “Se ele tivesse sido diagnosticado imediatamente poderia estar vivo até hoje.”
A empresa também está trabalhando com sua tecnologia de análise automatizada de DNA, colaborando em programas globais para combater a propagação de vírus, como o H1N1, da gripe aviária, em tempo real.
A empresa também participa do maior estudo já feito sobre saúde infantil, a Pneumonia Etiology Research for Child Health (PERCH), da Universidade Johns Kopkins (EUA), financiado pela fundação Bill e Melinda Gates. Este estudo, que envolve pacientes pediátricos com pneumonia grave provenientes de vários países, pretende desenvolver novas técnicas de laboratório a fim de determinar melhor as causas e fatores de risco da doença, bem como orientar no desenvolvimento de novas terapias.
O papel da empresa israelense neste estudo de 260 milhões dólares é a sua capacidade única para a análise de dados rápida e automatizada. Cohen afirma que a PCR em tempo real é a técnica de diagnóstico molecular mais popular em uso hoje, respondendo por mais de US $ 2,8 bilhões em vendas.
Existem três etapas neste processo: extração de DNA a partir da urina ou amostra de sangue, testes de DNA, e análise dos resultados. As duas primeiras etapas foram automatizadas antes da Azure PCR entrar em cena.
A sua descoberta é, portanto, voltada à automatização da etapa de análise – o que acelera o processo significativamente, elimina a necessidade de técnicos especialmente treinados (uma questão particularmente importante para os países em desenvolvimento, onde profissionais qualificados podem ser difíceis de ser encontrados) e não deixa espaço para erros na interpretação de resultados.
“Nós fazemos o subjetivo se tornar objetivo”, diz Cohen. “Nós podemos fornecer resultados padronizados, sem a necessidade de pessoal qualificado.”
Sistema de alerta precoce de doenças
A capacidade de fornecer respostas quase que instantaneamente permite a implantação mais rápida do tratamento apropriado para doenças cotidianas, como infecções respiratórias ou urinárias. Mais globalmente, permitiria que futuras pandemias fossem geridas através de informações imediatas ao invés de dados – quase inúteis – de dois ou três dias depois.
A análise automatizada fornecida pela Azure PCR pode ser alimentada em um banco de dados que ajudaria as autoridades mundiais de saúde a ficarem atualizadas sobre surtos de doenças fatais.
“Com grandes pandemias globais, como a SARS e a gripe suína, nós vimos uma defasagem de seis a 18 meses em doenças que começam nos países em desenvolvimento até se estenderem para o Oeste. Desta forma, se formos capazes de rastrear esses surtos em tempo real, poderemos fazer a prevenção através da vacinação ou outros métodos possíveis”, explica Cohen.
“Os sistemas de alerta precoce podem melhorar a vida das pessoas e reduzir o custo dos cuidados com a saúde universal. Se soubermos que há uma doença que se espalha a partir de uma cidade e se pudermos mapear seus padrões de distribuição, a vacinação direcionada pode evitar a sua propagação. Prevenir é sempre melhor do que remediar “.
Desde 2010, a Azure PCR tem trabalhado com instituições como a Harvard Medical School e hospitais do Serviço Nacional de Saúde do governo do Reino Unido para validar a precisão do seu método para o diagnóstico de gripe suína, hepatite B e muitas outras doenças virais e bacterianas.
“Nós testamos mais de meio milhão de amostras”, diz Cohen, “e estamos no processo de elaboração de artigos para publicação em revistas científicas com revisão por pares, juntamente com uma série de parceiros.”
A empresa também está trabalhando com laboratórios para demonstrar como a sua técnica pode reduzir a quantidade de trabalho que vai para análise, reduzindo assim o custo do teste.