Tecnologia israelense para identificar pontos de vazamento de água é implantada em Parauapebas

Equipamentos de alta tecnologia facilitam identificação de desperdícios; ideia é quadruplicar a eficiência das equipes de campo utilizando método de identificação de vazamentos

Objetivando minimizar, ao máximo, os desperdícios desde a Estação de Tratamento de Água (ETA) até a distribuição efetiva aos consumidores, técnicos da Prefeitura de Parauapebas estão recebendo treinamento específico com método israelense, utilizado em mais de 56 países, para a localização de vazamentos. A tecnologia será validada para, posteriormente, ser replicada nas obras do Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap). 

“A gente está fazendo um programa piloto: escolhemos algumas áreas no município de Parauapebas, onde estamos usando uma tecnologia israelense. Foi um contrato direto do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] com o governo de Israel; eles trouxeram essa tecnologia para o Brasil e Parauapebas foi uma das beneficiadas”, informa Daniel Magalhães, responsável pelo Setor de Intervenções de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Prosap.

Segundo Magalhães, o Banco Interamericano de Desenvolvimento identificou que o desperdício na captação e distribuição de água, realizado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas (Saaep), fica entre 70 a 80%. “São perdas aparentes, perdas não aparentes, perdas econômicas. Esse piloto vem para poder validar e trazer novas tecnologias que agilizem esse tipo de processo”, explica.  

Adriano Camino, representante da Asterra, no Brasil, empresa que forneceu as imagens de satélite para identificação dos vazamentos, acompanhou o grupo em campo, na manhã dessa terça-feira, 21. “Essa equipe de pesquisa de vazamento está utilizando o método guiado da Asterra que é uma tecnologia inovadora. Ao invés da equipe de pesquisa e vazamento andar por toda a rede do Saaep de forma aleatória, ela se concentra nos locais onde, realmente, existem os vazamentos”, ressalta.

A Asterra é uma empresa israelense especialista em análise de imagens de radar para localização de vazamentos subterrâneos com sede em Tel Aviv (Telavive), segunda maior cidade de Israel.  

Camino explicou que a empresa fornece pontos de interesse que são círculos de, aproximadamente, 100 metros de raio e, então, a equipe caminha pelos locais onde existe a maior probabilidade de encontrar esses vazamentos.

O treinamento está sendo desenvolvido pela BBL NE Soluções em Engenharia, empresa brasileira especialista em saneamento básico e ocorreu, de forma prática, no bairro Parque dos Carajás. A equipe da BBL vai ficar em torno de 20 dias, em Parauapebas, para identificar todos as localidades apontadas pela Asterra.

“O treinamento ocorreu para que a gente pudesse confirmar os locais exatos de possíveis vazamentos que foram apontados pela empresa Asterra. Eles identificaram alguns pontos específicos e a gente, com equipamentos adequados como amplificador mecânico, geofone eletrônico, consegue identificar os locais exatos desses vazamentos”, diz Rafael Matias, da BBL NE.

Fernando Napoleão, técnico do Saaep que está participando dos treinamentos, fala que este servirá para que a equipe possa fazer um trabalho preventivo. “Com base nesse treinamento a gente vai conseguir fazer uma varredura da nossa rede e identificar possíveis vazamentos invisíveis, que são vazamentos subterrâneos. Às vezes, um consumidor pode estar com algum problema no sistema de ligação dele e, ele não sabe. Então, a gente não vai esperar chegar em um colapso da rede para poder atuar, deixando o consumidor, às vezes, três, quatro dias sem água, vamos atuar de imediato, de forma preventiva para poder avaliar a situação e impedir que ocorra um problema futuro”.  

Imagem de satélite

De acordo com Adriano Camino, a Asterra contratou imagem de radar que é tirada por meio de um satélite que fica a 800 quilômetros da Terra e sofre um processo de tratamento, identificando de forma cirúrgica os pontos de vazamentos de água.

“Se a gente conseguir reduzir 20, 30% das perdas do Saaep, muitos clientes deixarão de ter o rodízio. Vai ter água o tempo todo para a maior parte da população, sem a necessidade de você estar expandindo uma captação, criando uma nova estação para tratamento de água, porque muita água se perde no meio do caminho”, enfatiza Camino.

Tecnologia

Para localizar os pontos de vazamento com maior exatidão, estão sendo utilizados equipamentos modernos como amplificador mecânico e geofone eletrônico. Os equipamentos ajudam na escuta dos pontos de contato da rede, que são os relógios de água e na identificação do local onde está havendo o vazamento, respectivamente.

Texto: Nara Moura / Prefeitura de Parauapebas

Foto: Benilson Sá / Prefeitura de Parauapebas