A startup israelense Onebeat, que provê algoritmos para otimização de estoques em lojas, tem alcance internacional e está presente em 30 países, incluindo Estados Unidos, Índia, Inglaterra, México e Japão. Apesar da importância econômica dessas regiões, é no Brasil que foca a multinacional, entusiasmada com o potencial do varejo eletrônico brasileiro.
“O Brasil é a bola da vez”, conta ao Estadão o diretor de operações da Onebeat no País, Igor Melo. Como diferencial, ele cita a baixa digitalização no varejo, tamanho continental e a rápida adoção de tecnologia vista no mercado, seja por consumidores, seja por lojistas. “Israel aposta muito no País, que é disparada a região que mais cresce para nós em todo o mundo”, diz o executivo.
A Onebeat nasceu em 2018 como um braço da consultoria israelense Goldratt, com escritórios em todo o mundo, inclusive no Brasil — o que ajuda em sua expansão internacional, é claro. Outro fator que tem beneficiado a longevidade da companhia é o capital vindo da holding, que banca os custos da startup e reinveste o caixa na firma.
Essa estratégia mudou em fevereiro passado. Pela primeira vez, a Onebeat levantou US$ 5 milhões que devem ser usados, entre atividades como contratação de desenvolvedores e melhoria do algoritmo proprietário, para a expansão dos negócios no País. O cheque foi assinado pelos fundos de investimento Surround Ventures e o AnD Ventures, também de Israel.
Embora avançe em outros países, o Brasil deve ser quem vai puxar a curva de crescimento da companhia. Para tal, a Onebeat montou por aqui um escritório que deve servir como centro de inovações para o restante do mundo, diz Melo. Nele, equipes de vendas e de dados devem trabalhar o algoritmo, fazer testes e, se houver acertos, exportar a solução para outros países. “Tenho um time que faz tudo do Brasil, de implantação a desenvolvimento”, conta o executivo, que começou a trabalhar na consultoria Goldratt há seis anos. “Tenho carta branca para atuar como quiser e mostrar os resultados para o mundo.”
Algoritmo de previsão
Nascido dentro da consultoria Goldratt, o algoritmo da Onebeat é o ponto forte da startup. Usando aprendizado de máquina, a companhia desenvolveu um método que automatiza a reposição de estoque das lojas, uma das maiores dores para o varejo, já que a armazenagem traz alto custo para as empresas. O serviço analisa o que e em quais quantidades deve ser comprados e enviados os produtos para os estabelecimentos. Além disso, a startup possui um algoritmo que faz a predição do comportamento do consumidor.
“Nosso objetivo é maximizar o fluxo da cadeia de suprimentos. O produto precisa entrar na loja e sair o mais rápido possível”, comenta Melo. “O diferencial do nosso algoritmo é não fazer previsões de longo prazo, porque distribuições para lojas é algo imediato.”
Atualmente, a Onebeat possui clientes como Vivara, Aramis, Calvin Klein e Pague Menos, entre outros. Melo afirma que a meta é dobrar o número de clientes em 2022, bem como subir dos atuais 10 funcionários para 15 no mesmo período.
Ao contrário de muitas startups estrangeiras que desembarcam no País nos últimos anos, a Onebeat não vai queimar caixa desenfreadamente para ganhar mercado. Segundo Melo, não há pressa, ainda mais em um momento em que o mercado de inovação está receoso com eventual recessão econômica mundial.
“Se eu fechar 40 clientes de uma vez, vamos ter problemas de implantação (da nossa tecnologia). Não queremos tomar os pés pelas mãos, porque precisamos garantir um resultado para o cliente final”, aponta Melo.
Fonte: Terra
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