Maya Ashkenazi estava amamentando seu primeiro filho quando teve um brainstorm. E se pudéssemos disponibilizar os benefícios do leite materno para todos: atletas, idosos e até animais domésticos?
“Percebi que, se eu pudesse decifrar o código do leite materno – que é repleto de proteínas funcionais – certamente poderia torná-lo mais acessível a todos, e não apenas aos bebês”, diz ela. Isso foi há quatro anos, quando Ashkenazi tinha 26 anos. Neste verão, a empresa que ela fundou planeja fazer exatamente isso.
A Maolac, uma startup israelense pre-revenue (estágio onde a startup ainda não está gerando receita), é a primeira empresa do mundo a identificar e extrair proteínas funcionais do colostro bovino – o primeiro pré-leite rico em nutrientes produzido por mamíferos para seus recém-nascidos – que são 95% equivalentes às encontradas no colostro humano.
Ashkenazi e seus colegas criaram um superalimento rico em proteínas a partir do colostro bovino, que atualmente é despejado no ralo dos laticínios. “Existem mais de cinco bilhões de litros de colostro em todo o mundo que são jogados fora a cada ano”, disse ela. “A Maolac será a primeira empresa a reciclar o colostro. Estamos criando algo novo a partir de algo que é basicamente desperdício.”
Os produtos da Maolac serão comercializados internacionalmente para fabricantes de alimentos como um aditivo insípido e inodoro para seus próprios alimentos – de iogurte, sorvete e cereais a pão, massas e barras energéticas.
Mais efetivo
“A Maolac combina quantidades fracionárias de proteínas específicas em uma variedade de fórmulas que se mostraram mais eficazes do que o colostro ‘como ele é’ na regulação de infecções humanas, inflamação e sistema imunológico”, disse Jacob Rachmilewitz, pesquisador principal do Instituto de Terapia Gênica. do Hospital Hadassah em Jerusalém.
“Seis vezes mais eficaz”, acrescenta Ashkenazi, que obteve seu mestrado em engenharia biomédica pelo Instituto de Tecnologia Technion-Israel e em 2020 foi nomeada uma das melhores jovens empreendedoras israelenses “30 Under 30” da Forbes.
O colostro bovino já está disponível como suplemento dietético, mas não é muito útil para humanos em sua forma bruta, disse Ashkenazi.
“A verdade é que só é bom para bezerros. Ele não ajuda e pode até prejudicar os humanos”, disse ela. Usando uma tecnologia própria de extração, “a Maolac identifica e extrai apenas as proteínas relevantes e mais biossimilares, aumentando sua potência para resolver problemas de saúde específicos”.
A empresa conseguiu isolar, extrair e classificar 1.500 proteínas bioativas no colostro bovino, 400 das quais são 95% biossimilares ao leite materno humano, criando combinações que contêm até 20 dessas proteínas para apoiar funções imunológicas específicas.
A Maolac foi desenvolvida na The Kitchen, uma incubadora de foodtech apoiada pela Strauss, e é a primeira empresa israelense a ser aceita no MISTA, uma plataforma de inovação para a indústria global de alimentos fundada pela Givaudan, maior fabricante multinacional de aromas, fragrâncias e ingredientes ativos cosméticos do mundo.
“Os consumidores – e, portanto, os fabricantes – estão se tornando menos interessados em medicamentos e mais interessados em melhorar sua saúde por meio de alimentos”, disse Jonathan Berger, CEO da The Kitchen, que também é apoiada pela Autoridade de Inovação de Israel.
“A Maolac é única no sentido de aproveitar a tecnologia para fornecer aos consumidores proteínas de qualidade – e as mais eficientes para suas necessidades específicas. Agora não há necessidade de outra pílula antes ou depois do café da manhã. Coma o que quiser, só que em versão fortificada”, disse Berger, prevendo mais iniciativas combinando a indústria alimentícia e a tecnologia da saúde.
O primeiro piloto orientado ao consumidor da Maolac será lançado neste verão e será seguido por ensaios clínicos. Este piloto incluirá uma cadeia de suprimentos em larga escala e um processo de fabricação para produtos Maolac, incluindo um anti-inflamatório especialmente adequado para atletas e um probiótico de próxima geração para apoiar a saúde intestinal.
Aprovação regulatória
A aprovação regulatória em Israel, Europa e Estados Unidos deve chegar em breve, disse Ashkenazi. O colostro bovino integral já está aprovado para consumo humano e apenas a nova mistura de elementos requer confirmação regulatória adicional.
O lançamento comercial completo está previsto para o início de 2023, muito à frente dos concorrentes, disse Ashkenazi. Enquanto outras empresas estão tentando cultivar leite materno, nenhuma conseguiu isolar suas proteínas biofuncionais, porque não possuem o algoritmo proprietário da Maolac.
A Maolac poderá crescer rápido. O mercado de alimentos que estimulam o sistema imunológico está projetado para mais que dobrar, para US$ 46,9 bilhões, até 2030, de acordo com a Allied Market Research. O colostro bruto representará mais de 10% desse total, de acordo com a Transparency Market Research. Os mercados infantil, esportivo, envelhecimento saudável e nutrição para animais de estimação – aqueles mais aplicáveis à Maolac – são avaliados em mais de US$ 300 bilhões combinados.
O produto também terá um preço razoável, disse Ashkenazi, tornando-o acessível para uso diário. “Finalmente, temos uma maneira acessível de tornar o mundo inteiro mais saudável”, disse ela.
As informações são do The Times os Israel, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.
Foto: Maolac