A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) empregou tecnologia da empresa israelense ATME Eco Solutions para aproveitar o fluxo de água contido nas tubulações, através de uma microturbina que gera eletricidade de forma não-poluente, com baterias continuamente recarregáveis pela corrente interna da tubulação.
Há uma microturbina hidrogeradora instalada em uma tubulação de quatro polegadas desde maio de 2017, a qual produz energia suficiente para alimentar diversos dispositivos, entre eles equipamentos de telemetria com chips de celulares que enviam informações à central. Através desses dados, a Sabesp tem como decidir em acionar a abertura ou fechamento de válvulas ao longo de toda a malha de tubulações no subterrâneo da capital paulista, além de identificar os pontos de vazamentos. A Sabesp informa que, com a instalação da micro turbina em sua rede, a transmissão de dados pode ser realizada de 15 em 15 minutos. Em comparação, nos sistemas tradicionais, alimentados por baterias químicas, os equipamentos são ligados apenas a cada seis horas, já que sua vida útil se reduz quanto mais vezes são acionadas.
O projeto-piloto desenvolvido na Vila Prudente e Cidade Universitária testa também a vida útil das baterias. Os modelos tradicionais ao final de sua vida útil têm que ser removidas fisicamente da rede de tubulações, já que possuem elementos poluentes que podem afetar o meio ambiente. Empresas especializadas são responsáveis pelos descartes que não podem ser feitos em aterros sanitários, já que podem liberar substâncias químicas e, assim, contaminar o solo, água e plantas. O descarte pode ainda levar um bom tempo devido à dificuldade de acesso, uma vez que equipes se deslocam até os locais onde as baterias estão afixadas ao longo da rede subterrânea.
Diferentemente, com as microturbinas, o acionamento de energia é possível sempre que necessário, pelo tempo desejado, sem impacto ambiental, já que são recarregáveis. Outra vantagem das miniturbinas é a sua vida útil, estimada pelo fabricante em 20 anos, enquanto a demanda por revisão do seu mecanismo dá-se apenas a cada cinco anos.
“Micro turbinas trazem ao Brasil a possibilidade de ampliar – e muito – o uso intensivo de dispositivos inteligentes nas redes de águas”, afirma Avi Meizler, CEO da ATME Eco Solutions, empresa que representa a tecnologia no Brasil. “Isso é crítico já que, segundo o último estudo do governo federal, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Brasil desperdiçava em 2013, em média, 37% da água tratada que distribui em suas cidades”, informa o executivo. Para ele, a gestão da pressão da água – com o abrir e fechar das válvulas que regulam essa pressão – é uma forma inteligente e barata para reduzir esse índice rapidamente.
Fonte: Saneamento Ambiental