Richard Chaves, diretor de inovação e novas tecnologias da Microsoft Brasil fala sobre o impacto da tecnologia em nossas vidas

Liane Gotlib Zaidler – Para a Câmara Brasil Israel

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Conte-me sobre sua trajetória profissional e como chegou a Microsoft (idade, formação, etc).

Desde pequeno sempre fui apaixonado por vídeogames e informática. Optei por fazer o Ensino Médio Técnico e aos 17 anos comecei um estágio como programador. Em apenas quatro anos passei de estagiário a gerente da área de desenvolvimento.  Aos 21 anos, já atuava como consultor autônomo, e, juntamente com um sócio abri uma empresa focada em soluções de automação de varejo para empresas de pequeno e médio porte. Em 1990 meu sócio se mudou para os Estados Unidos e acabei assumindo a empresa inteira, inclusive tendo que atuar em áreas que eram desconhecidas para mim, como RH, Finanças e Contabilidade. O que foi um grande desafio. Em 2002 comecei a prestar serviços para a Microsoft, uma empresa com a qual sempre me identifiquei, e em 2004 surgiu a proposta para trabalhar lá. Vendi minha empresa e iniciei minha carreira na Microsoft, onde atualmente ocupo o cargo de diretor de Novas Tecnologias e Inovação.

Como é trabalhar na Microsoft e como surgiu o seu interesse pela inovação e pelo mundo digital ?

A Microsoft tem um ambiente que lhe permite empreender. Você não fica preso apenas às responsabilidades do cargo. Sempre tive muita liberdade  para criar e fui incentivado a expor minhas ideias, desafiar modelos atuais e promover inovação e crescimento acelerado.

No que consiste o seu trabalho?

Internamente meu time é conhecido como “Time de Evangelismo” e temos a responsabilidade de levar a palavra da Microsoft ao mercado e reduzir o tempo de adoção de todos os novos produtos que são lançados pela empresa, estabelecendo novos paradigmas e resolvendo problemas reais. Desenvolvemos o ecossistema,  trabalhamos junto a influenciadores e  desenvolvedores de projetos que vão servir de referência para o mercado.

O que é e como surgiu a Imagine Cup e como o Brasil vem se destacando?

A Imagine Cup é a copa do mundo de tecnologia promovida  há mais de 10 anos pela Microsoft. O evento anual reúne participantes do mundo inteiro que apresentam projetos em games, inovação e cidadania e cuja final mundial vai acontecer na sede da Microsoft em Redmond. O Brasil  adquiriu uma reputação gigantesca nas últimas edições e sempre trouxe reconhecimentos com finalistas classificados entre os primeiros colocados.  O ganhador recebe um prêmio em dinheiro para poder abrir a sua start up e recebe todo o apoio da Microsoft.  Do evento saem muitos casos e histórias de sucesso, que acabam gerando um maior interesse em carreiras técnicas. Desde 2007, mais de 200 mil estudantes brasileiros já desafiaram o mundo através da Imagine Cup.

A Microsoft atua muito no setor educacional. O que vocês têm previsto nesta área, e que pode servir para melhorar a educação em geral no Brasil?

Além da Imagine Cup, um dos grandes programas da  Microsoft é o  Students 2 Business, que tem como objetivo capacitar estudantes nas áreas de TI e oferecer oportunidades de emprego. Para isso o projeto inclui diversas ações como capacitações gratuitas nas tecnologias plataformas Microsoft e  a aproximação com empresas que buscam mão-de-obra com esse perfil. Além disso, também temos uma grande preocupação em estimular o ensino inovador por meio do uso da tecnologia e por isso reconhecemos projetos de professores em todo mundo com o prêmio Educadores Inovadores.

Quais dicas você daria a um jovem em início de carreira com interesse pela área de TI?

Eu diria para ele seguir em frente. Não existe hoje nenhum ramo de negócios que não utilize a tecnologia. Este profissional  precisa saber se diferenciar, sendo mais competitivo,  eficiente e criativo. A tecnologia é uma ferramenta que permite desafiar e questionar modelos e solucionar problemas.

Como é a presença da Microsoft no Brasil, nos Eua e em Israel? O mesmo modelo funciona em todos os países? Existe uma interação?

A Microsoft é uma empresa global, com uma abordagem local  e operações diferentes em cada um dos países. A empresa busca identificar as particularidades de cada mercado para melhor atender empresas e o governo daquela localidade. Em Redmond, na sede da empresa, há uma grande representatividade nas áreas de gestão e administração e também em pesquisa e desenvolvimento. A forma de atuar no Brasil, que é um país emergente, é diferente de como se trabalha nos Estados Unidos, um país maduro. Em Israel,  é notória a capacidade empreendedora do país, então temos uma operação bastante focada em apoiar as start ups.

Como a tecnologia pode mudar o mundo e melhorar a vida das pessoas?

Em todos os aspectos. Hoje você tem sensores para medir batimentos cardíacos, a qualidade do sono, enfim, você começa a mudar hábitos das pessoas por conta da tecnologia. Ela  já está mudando nossas vidas, com uma enorme variedade de dispositivos e aplicativos. Um bom exemplo é o  Skype Translator, desenvolvido recentemente pela Microsoft e que efetua a tradução simultânea em várias línguas, mudando a forma como as pessoas trabalham e interagem umas com as outras. A maior beleza da tecnologia é quando ela é transparente e se torna tão natural e cotidiana que a gente nem percebe que está usando.