Pista eletrificada recarrega automóveis durante a viagem
Quando falamos em veículos elétricos, costumamos pensar em uma série de vantagens que esse tipo de propulsão oferece em relação aos tradicionais motores a combustão – zero de emissões poluentes, silêncio, robustez mecânica, facilidade de dirigir – e, também, em sua principal desvantagem: a baixa autonomia. Em média, os modelos exclusivamente elétricos disponíveis no mercado (como o e-up!, da VW, e o Nissan Leaf, por exemplo) não passam dos 140 km sem ter de parar para recarregar. As montadoras, como a americana Tesla, têm investido pesado no desenvolvimento das baterias e até prometem fôlego mais longo – 330 km –, mas isso se o motorista maneirar bastante no pé direito. Pois a empresa israelense ElectRoad resolveu enfrentar essa limitação com uma abordagem diferente, eliminando a necessidade de parar em um posto para recarregar os veículos com energia elétrica (veja abaixo).
Lembra dos autoramas? Essa tecnologia tem algo a ver com eles, já que a enrgia elétrica que alimenta os motores daqueles carrinhos de brinquedo também vinha da pista. Só que, neste modelo “adulto”, os carros não ficam presos em trilhos nem precisam ter contato físico com ela (no autorama, eram escovas de aço, que tocavam uma parte metálica eletrificada do solo e, assim, faziam o pequeno bólido andar). Um sistema sem-fio (wireless) cuida dessa ligação e da transmissão da energia, bastando para isso que o veículo circule em uma determinada faixa da rodovia, sob a qual foram instalados cabos e transmissores – veja abaixo uma imagem da obra de instalação do sistema, que está quase pronta para testes nos arredores de Tel Aviv.
Notaram que eu mencionei veículos e não apenas carros? A propulsão elétrica é particularmente eficiente no deslocamento de cargas. Não é à toa que as locomotivas movidas a diesel que vemos rebocando enormes trens de minério são, na verdade, diesel-elétricas: usam o combustível fóssil para gerar eletricidade que, por sua vez, alimenta grandes e incansáveis motores elétricos. Por isso, os ônibus e os caminhões estão entre os potenciais maiores beneficiados por esse sistema. Eles poderiam, por que não, operar em médias e até longas distâncias, desde que existissem trechos de recarga ao longo dos trajetos. Sim, porque não é preciso que toda a estrada seja adaptada, basta que trechos dela, de tantos em tandos quilômetros, possuam essa função para que as baterias dos veículos possam ser recarregadas o suficiente para rodar até o ponto “quente” seguinte.
Além de Israel, a Coréia (onde já está em fase de projeto um sistema específico para ônibus urbanos) e Inglaterra trabalham com o mesmo conceito. Em autoestradas que percorram o interior e grandes áreas abertas, é perfeitamente possível que alguns dos trechos de recarga sejam abastecidos por baterias de coletores solares ou turbinas de vento, hoje já muito numerosas em países como os EUA e a Alemanha.
Como já mencionei, diferentemente do do metrô, que recebe carga através de trilhos eletrificados, a transmissão da energia é feita por ondas eletromagnéticas e o piso da estrada não “dá choque”, sendo seguro para outros carros e pessoas. Assim, sistemas como o do nosso BRT, aqui no Rio, por exemplo, poderiam no futuro adotar esse tipo de alimentação e empregar uma frota de ônibus articulados totalmente elétricos e “limpos”. Nada mal, ein?
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