Parque tecnológico reúne start-ups e impulsiona economia criativa no RS.

Numa área equivalente a seis campos de futebol, 120 empresas, de pequenas a multinacionais, têm transformado a forma de fazer negócios. Não apenas a dos seus próprios mas também a dos de outras companhias.

Inaugurado em agosto de 2003, o Tecnopuc (Parque Científico e Tecnológico da PUC-RS) abriga empresas de tecnologia de informação, energia, meio ambiente, ciências da vida e indústria criativa. No total, o parque tem 6.000 pessoas trabalhando.

Em construção, uma área de 4.000 metros quadrados, chamada Global Tecnopuc, vai abrigar projetos de inovação feitos em conjunto.

Empresas como Dell e HP têm no local seus centros de pesquisa e desenvolvimento. Telebrás e Petrobras mantêm laboratórios de pesquisa.

Foi lá que se instalou em 2011 a Rockhead Games, especializada em games para tablets e smartphones e na gameficação: usar a liguagem dos games em outras áreas, como educação e gestão de processos em empresas.

Os sócios, Christian Lykawka e Fernando D’Andrea, fundaram em 1996 a Southlogic Studios, que chegaria ao posto de maior estúdio de jogos da América Latina. A empresa foi comprada, em 2009, pela francesa Ubisoft.

Tecnopuc

A Rockhead escolheu o parque da PUC por causa do contato permanente com outras empresas de tecnologia, que permite troca de conhecimentos e colaboração em projetos conjuntos. “Difícil imaginar um lugar fora daqui que tenha tudo isso ao mesmo tempo. Só uma incubadora cheia de empresas poderia trazer”, diz Lykawka.

“O ambiente do parque gera bolsas de pós-graduação, desenvolvimento, inovação, patentes e contribui para o desenvolvimento da região”, afirma o diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki.

Na área de games, o Tecnopuc vem se tornando referência. “Sempre fomos muito fortes na área de tecnologia de informação, mas a há uma vocação muito forte para a indústria criativa, uma área ainda pouco explorada”, avalia Prikladnicki.

Empresas que crescem no Tecnopuc têm obtido reconhecimento internacional. Fundada em 2007, a Aquiris se mudou para o campus em 2011 e é considerada uma das cinco melhores no mundo em tecnologia Unity 3D.

Com produção de jogos próprios e conteúdo para clientes como Cartoon Network, Warner Bros e Globo, a empresa recebeu investimentos da gestora de fundos investidores CRP Companhia de Participações, que passou a ter 25% do negócio.

A partir deste ano, a Aquiris espera ter um crescimento anual em torno dos 32%.

Um levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro realizado em 2012 com base em estatísticas do Ministério do Trabalho apontou que o Rio Grande do Sul é o quarto Estado brasileiro em número de profissionais ligados à indústria criativa –50 mil–, atrás de São Paulo, Rio e Minas Gerais.

O Estado tem 18 mil empresas no setor, que respondem por 1,9% do PIB gaúcho. A moda e o design, em função do setor calçadista, ainda são os setores com maior número de profissionais –25%.

De acordo com o secretário de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul, Cleber Prodanov, desde 2012, quando lançou o primeiro edital para financiar projetos da indústria criativa, o governo gaúcho investiu R$ 13 milhões no setor, em design, novas mídias e audiovisual.

Os projetos precisam estar vinculados a universidades, mesmo que sejam de responsabilidade de empresas privadas. Atualmente, o Estado conta com 19 incubadoras em 12 municípios.

Com a consolidação do Tecnopuc em Porto Alegre, a PUC está construindo, na cidade de Viamão, um centro de produção audiviosual que promete ser um dos mais avançados do país.

“Guardadas as proporções, os ambientes e a tecnologia que teremos lá vão nos permitir ter um ambiente tão qualificado quanto é o Projac no Rio de Janeiro”, afirma o diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki.

Fonte: Folha de São Paulo.