Câmara Brasil Israel discute a situação e os desafios do Agronegócio Brasileiro em Painel com especialistas
Com a presença de renomados palestrantes e de um público altamente qualificado, a Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria promoveu nesta terça-feira, 30 de outubro, no Auditório da FECOMERCIO, o painel “Agronegócio Brasileiro: situação e desafios”.
O evento contou com a participação do ex-secretário de Agricultura, Dr. João Carlos de Souza Meirelles, do Professor Doutor da FEA/USP, Décio Zylbersztajn, do presidente da Netafim, multinacional israelense do setor de agronegócios, Daniel Neves e do Pesquisador Científico do Instituto de Economia Agrícola – IEA, Celso Luis Rodrigues Vegro. O Painel foi mediado por Nelson Millner, diretor da Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria.
Millner abriu o evento destacando a relevância do agronegócio brasileiro que, segundo ele, já salvou o Brasil de várias crises. O diretor da Câmara também frisou a importância de Israel, que possui o que há de mais moderno em tecnologia para o setor como: variedade de sementes, tecnologia de irrigação e de reutilização de água e o controle de pragas sem pesticidas, entre outros.
“Acho muito importante que a Câmara cuide de assuntos como a relação Brasil Israel. Quando falamos em Agronegócios no Brasil, não estamos falando apenas da produção agrícola, mas sim de três grandes fronteiras que o Brasil tem: a física, pois temos espaços para serem ocupados, a vertical, que é a da tecnologia e portanto uma segunda razão para estarmos aqui hoje, e a das oportunidades, pois o agronegócio representa uma enorme fronteira de oportunidades, não só no plantar e colher, mas na pesquisa científica, no desenvolvimento tecnológico, na enorme cadeia produtiva, que gera empregos e renda, e que evidentemente atende aquilo que é mais importante para o ser humano, que é a comida. Israel pode contribuir muito neste sentido”, declarou o Dr. João Carlos de Souza Meirelles.
O professor Décio Zylbersztajn apontou o momento de profunda transformação e euforia no qual a agricultura brasileira ganha dimensão internacional. Segundo ele, “dentro do nosso país o mundo do “agro” ainda precisa ser melhor compreendido pela sociedade. Temos grandes desafios pela frente como: a própria expansão do agro no Brasil os problemas regulatórios, a implantação do novo código florestal, que terá um farto impacto no setor e a necessidade de avanços na área institucional como por exemplo, o melhor regramento jurídico. Também não podemos esmorecer nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Por este motivo, o Painel promovido pela Câmara é emblemático, pois ajuda a multiplicar o conceito do agronegócio como uma cadeia produtiva, e não como algo isolado. Devemos investir mais em uma aproximação das instituições gestoras de conhecimento, temos que ter as nossas universidades trabalhando em conjunto com as israelenses e aprofundar nossas relações com Israel.
Os aspectos econômicos da relação Brasil-Israel foram abordados por Celso Vegro, que traçou um panorama sobre as transações comerciais entre Brasil e Israel, envolvendo produtos e serviços pertencentes ao domínio dos agronegócios são dinâmicos. No quesito exportações, por exemplo, em 2011 foram embarcados para Israel US$402 milhões. Em 2012 é esperada uma redução nas exportações, mas ainda assim Israel comprará do Brasil cerca de US$300 milhões em itens dos agronegócios.
O valor das importações brasileiras do agronegócio israelense é ainda mais portentoso. Em 2008, por exemplo, o Brasil adquiriu US$860 milhões daquele país, com destaque para os bens de capital. O Estado de São Paulo é o principal parceiro israelense nas exportações e maior destino nas importações provenientes daquele país, argumenta Vegro. Em 2011 os embarques para Israel somaram US$176 milhões e as compras paulistas US$46 milhões.
Ele finalizou sua apresentação destacando que, com a expansão da demanda, os produtos certificados deixaram de ser um nicho e a indústria brasileira está preparada para atender o consumidor doméstico e também o consumidor “kasher”, que é altamente exigente e gosta de produtos certificados e de alta qualidade. Israel e Brasil tem trocas muito dinâmicas no agronegócio e ainda há espaço para o aumento das transações comerciais entre os dois países na área de biocombustíveis.
Daniel Neves, presidente da Netafim Brasil, surpreendeu a todos ao apontar que apesar de existir há cerca de 50 anos, a tecnologia de irrigação por gotejamento (desenvolvida em Israel e cujo método tem a capacidade de irrigar de forma precisa uma parte do solo onde estão as raízes da planta), ainda é pouco conhecida no mundo agro em nosso país. O Brasil tem muito o que aprender com Israel, um país que conseguiu superar desafios enormes em termos de qualidade de terra e escassez de água”.
O engenheiro agrônomo e ex-pesquisador do Instituto de Economia Agrícola, Antonio Ambrósio Amaro, fez uma avaliação positiva do evento, que também contou com a presença do cônsul de Israel em São Paulo, Ilan Sztulman e da diretora do IEA, Dra. Marli Dias Mascarenhas, para ele, “eventos como o de hoje permitem que os diversos setores e segmentos envolvidos com o agronegócio possam receber, discutir e rever novos ângulos sobre temas de interesse”.
“As economias do Brasil e de Israel não são competitivas, são complementares. O grau de desenvolvimento tecnológico israelense pode trazer muitos benefícios para os produtos brasileiros”, finalizou o presidente da Câmara Brasil Israel, Jayme Blay.
PALESTRA REALIZADA PELA CÂMARA BRASIL ISRAEL DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA, EM 30/10/2012 no Auditório da “FECOMERCIO”.