O que está na minha frente é um ovo perfeito. Quando pressiono a faca de leve sobre a película arredondada da gema, ela cede um pouco até se abrir e deixar escorrer seu interior bem amarelo. A gema é densa e aveludada; a clara do ovo é firme, mas não emborrachada.
O sabor é o de um ovo poché clássico – só que esse não veio de uma galinha. Foi feito inteiramente de ingredientes à base de plantas.
O ovo poché que me foi servido é uma criação da empresa israelense Yo Egg. Feito principalmente a partir de grão de bico e de proteína de soja (mais óleo de girassol, amido de batata, água e alguns outros ingredientes), o ovo é o primeiro feito totalmente à base de plantas, de acordo com a empresa.
Até agora, as alternativas veganas vinham na forma líquida ou em pó, mas o que a Yo Egg oferece é diferente. É o que eles chamam de “a experiência completa de comer um ovo”.
O produto foi criado pela chef Yosefa Ben Cohen. O cofundador e CEO da Yo Egg, Eran Groner, explica que o ímpeto surgiu quando Cohen foi contratada por uma rede de restaurantes popular em Israel para desenvolver um ovo frito vegano.
“As pessoas começaram a entrar no restaurante pedindo só aquele ovo”, conta. Naquela época, era feito de tofu e abóbora. “Foi aí que Yosefa percebeu que havia grande demanda pela experiência de saborear um ovo, e não apenas como ingrediente em pó ou em fórmulas líquidas”.
Em Israel, a Yo Egg produz as versões poché e frita de ovos veganos. Ambas foram lançadas em uma rede nacional de café da manhã chamada Benedict. Também já vem sendo servidas nas cozinhas corporativas do Google e do Facebook em Israel e em alguns hotéis de lá.
A empresa tem uma fábrica em Israel e recentemente abriu outra em Los Angeles, com capacidade para produzir “milhares de ovos todos os dias”, diz Groner.
Os ovos poché da Yo Egg podem ser tão versáteis quanto os reais. O restaurante Real Food Daily, de Los Angeles, contou que os está usando em torradas de abacate, ovos Benedict e como complemento para vários pratos.
Groner não pode revelar detalhes do processo de fabricação nem contar o segredo que faz a gema escorrer perfeitamente. Para conseguir essa façanha, a empresa desenvolveu equipamentos e métodos próprios, e está requisitando a patente do equipamento.
Mas ele afirma que a Yo Egg ampliou suas práticas culinárias de forma a permitir a produção em massa e uma concorrência para valer com os ovos de galinha. Para os chefs, preparar Yo Eggs é muito fácil, pois eles só precisam ser fervidos. E é impossível cozinhá-los demais ou passar do ponto.
Após o lançamento do poché nos EUA, a empresa lançará também o ovo frito. Além disso, está trabalhando para produzir ovos cozidos veganos, bem como ovos mexidos e omeletes.
Embora, por enquanto, os produtos Yo Egg só estejam disponíveis em restaurantes, hotéis e cozinhas corporativas, a empresa tem como objetivo atingir os clientes com vendas em supermercados e outros estabelecimentos de varejo e de serviços alimentícios.
Ainda não há uma previsão de data para esses lançamentos. Mas Groner comemora o fato de que, em menos de um ano a partir do financiamento inicial, a empresa já conta com dois produtos, duas fábricas e presença em dois mercados.
“Para nós, isso é muito importante porque, sim, todas as startups precisam ser rápidas”, diz ele. “Mas, se quisermos nos tornar uma força dominante na indústria de ovos, precisamos ser tão eficientes quanto qualquer empresa que está sendo ‘bem chocada’.”
Fonte: Kristin Toussaint é editora assistente da editoria de Impacto da Fast Company.
Foto Yo Egg