O headhunter Jacques Sarfatti fala sobre os desafios e as perspectivas para o mercado executivo no Brasil

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Liane Gotlib Zaidler – Para a Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria

Poucas profissões são tão intrigantes como a dos headhunters. Eles circulam pelos bastidores do mundo corporativo e têm como missão encontrar os executivos certos para preencher posições de liderança nas empresas.

Formado em engenharia civil pela PUC-RJ com pós-graduação em administração de empresas pela University of California, Berkeley, Jacques Sarfatti ocupou diversas funções e cargos em grandes empresas, do chão de fábrica a cargos de liderança, até ser convidado a trabalhar como headhunter na Russell Reynolds Associates em 1999, quando o escritório tinha apenas dois anos de operação no Brasil.  O convite foi uma surpresa para ele, que hoje se sente plenamente realizado como presidente da empresa no país, e nos conta sobre os desafios e perspectivas do mercado executivo no Brasil.

Como é o trabalho da Russell Reynolds e desde quando ela está no Brasil?

A Russell Reynolds Associates tem quase 50 anos e é uma das maiores empresas mundiais em avaliação, recrutamento e planejamento de sucessão para conselhos de administração, presidentes e diretores executivos. Com mais de 40 escritórios no mundo, ela está no Brasil desde 1997. Ajudamos nossos clientes a construir equipes de líderes que possam atender os desafios de hoje e antecipar as tendências econômicas, políticas, ambientais e digitais que estão redefinindo o ambiente global de negócios.

Qual o perfil ideal de um headhunter e quais os maiores desafios desta profissão?

O headhunter deve conhecer muito bem o mundo dos negócios, ter gerenciado projetos e equipes, construído uma boa rede de contatos e, acima de tudo, ter sensibilidade para avaliar pessoas e ter muita resiliência durante os processos. Dentre os desafios, o maior deles está em identificar talentos desconhecidos, além de entender a necessidade do cliente nas entrelinhas.

Como voce avalia o mercado de trabalho nos dias de hoje?

O mercado de trabalho está mais difícil e seletivo na busca de executivos. Esta é uma tendência que deve durar pelo menos mais dois anos. As empresas precisam repensar os seus negócios em um ambiente mais competitivo e exigente. Cada vez mais a inovação será a palavra chave para a sustentação dos negócios.

Quais as previsões para o mercado executivo nos próximos meses e quais devem ser os principais perfis demandados pelas empresas no atual cenário de crise?

O mercado continua difícil, mas focado em posições de transformação das empresas e controle de custos. A demanda por CEO’s com background em turnaround, conselheiros com visão estratégica e CFO’s com foco no caixa da empresa continuam sendo as posições mais demandadas.

Quais os critérios utilizados para encontrar talentos e o que as empresas devem fazer para retê-los?

Existem estratégias de busca para atacar o perfil desejado pelo cliente. Já para reter os talentos, temos critérios intangíveis como: aprendizagem, desenvolvimento na empresa, ambiente de trabalho favorável e uma boa relação com os pares e com os chefes e critérios tangíveis, como: salário alinhado com o mercado e benefícios de longo prazo (bônus ou ações da empresa).

Qual a importância de treinar pessoas para a sucessão de cargos executivos nas empresas?

Treinar pessoas para a sucessão de cargos executivos é uma das maiores preocupações das empresas nos dias atuais. Perder um grande líder e não ter um sucessor pode colocar em risco o negócio. Um dos focos do nosso trabalho está justamente em avaliar os executivos internos da empresa e desenvolver um plano de sucessão.

Você acha que depois da operação Lava Jato os executivos estão mais cautelosos ao assumirem vagas em conselhos de grandes empresas?

Independente da Operação Lava Jato, já tivemos outros momentos em que executivos tivessem que ter muita cautela ao assumir vagas em conselhos de grandes empresas, principalmente tendo em vista os riscos do negócio, a falta de conhecimento e o controle de vários processos existentes nas empresas. Por isso que o D&O (Directors and Officers Liability Insurance) é mandatório para qualquer contratação de conselheiro.

Quais as características de um bom líder e quais seriam as suas recomendações aos jovens que ingressam no Mercado?

O bom líder é aquele que inspira pessoas, cumpre o que promete, sabe escutar, toma decisões e sabe balancear as competências do seu time. Para o jovem que está ingressando no mercado eu diria que ele deve investir em sua graduação e escolher escolas/ universidades de ponta para sua formação, ter pelo menos uma experiência internacional, buscar lugares onde ele possa aprender e se desenvolver e o mais importante: ser apaixonado pelo que faz.