Mindset Ventures faz primeiro aporte de novo fundo em startup israelense

A Mindset Ventures, gestora brasileira que investe em startups dos Estados Unidos e Israel, acaba de realizar o primeiro aporte do seu quarto fundo, que ainda está em processo de captação. O investimento, de US$ 2 milhões, foi feito na empresa israelense Xyte, que oferece soluções de tecnologia para companhias que querem vender seus produtos e serviços em um modelo de assinatura ou de pagamento por uso. A rodada, do tipo bridge, também contou com US$ 1 milhão do fundo S Capital, veículo de investimento local do Sequoia Capital, que já era sócio da companhia.

A Mindset quis se adiantar porque viu a oportunidade de fechar um negócio que pode lhe garantir a compra de participação na empresa com desconto lá na frente. Como os juros altos têm tornado as rodadas de investimento mais escassas, quem tem o dinheiro acaba gozando de maior poder de barganha. No caso da Xyte, o acordo foi de que o capital injetado será uma dívida que pode se converter em ações com um desconto de 25% em uma futura rodada de investimento da startup – uma opção diferente, que reduz o desconto imediato no valuation que o empreendedor teria.

Segundo Nemer Rahal, sócio da Mindset e ex-Pátria, os investimentos alternativos têm ganhado relevância na carteira dos investidores e, em meio a um ambiente mais desafiador para o venture capital, diante do custo de capital mais caro, isso exige um prêmio de risco maior. Para Rahal, esse cenário também força as gestoras a serem mais seletivas em suas escolhas. “Temos mais chance de colocar dinheiro em startups melhores do que no período em que havia abundância de recursos no mercado.”

Um exemplo do modelo de negócio da Xyte que despertou o interesse do investidores é um produto que a empresa está desenvolvendo para uma grande montadora da Europa. “Hoje, uma fabricante de veículos não precisa vender um carro, mas pode oferecê-lo por meio de assinatura, e a Xyte oferece uma solução para transformar o modelo de negócios das empresas”, disse Rahal.

Nemer Rahal, sócio da Mindset Ventures: ambiente de menor liquidez deixa os investidores mais seletivos — Foto: Foto: Divulgação

O quarto fundo da Mindset começou a captar em 2022 e, até agora, levantou US$ 25 milhões, um quarto da meta, de US$ 100 milhões. A ideia é ter uma carteira de investidas com algo entre 20 e 25 startups, com aportes de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões por rodada. Entre os setores de preferência estão empresas de software, fintechs, cibersecurity, health tech, educação, agro e foodtech. “Não gostamos de empresas de hardware que são mais intensivas em capital e nem de biotechs”, disse.

A maior parte dos investidores dos fundos da Mindset é formada por family offices e multi-family offices brasileiros, que respondem por cerca de 90% do total captado, com o restante sendo levantado no exterior. A gestora, porém, quer aumentar a captação com estrangeiros, principalmente na Europa.

Fundada em 2016 por Daniel Ibri e Camila Potenza, que trabalharam juntos na Acelera Partnes, aceleradora de startups que tinha o apoio da Microsoft Ventures, a Mindset já investiu em 60 empresas, todas do segmento B2B, e já saiu de 10. A gestora, em geral, não entra nas rodadas como líder do aporte. “Isso nos dá maior flexibilidade de vender a nossa participação para um investidor estratégico”, disse Rahal.

O portfólio atual tem desde startups em estágios iniciais a unicórnios como a Brex – fintech criada por dois brasileiros no Vale do Silício – e a Turing, empresa americana que faz a intermediação da contratação de programadores remotos em todo o mundo. Dos US$ 52 milhões levantados no terceiro fundo, 83% já estão investidos e o restante está em em caixa para ser usado caso alguma investida faça uma nova rodada. Para as empresas mais maduras, a saída via IPO é uma possibilidade.

Apesar de investir basicamente em startups dos EUA e em Israel, a Mindset tem como missão ajudar as companhias a entrar no mercado brasileiro, como foi o caso da israelense Taranis, de inteligência artificial para agricultores, e americana PayJoy, startup americana que oferece uma tecnologia que permite travar o uso do celular dado em garantia de empréstimo se o pagamento não for quitado.

Fonte: Pipeline

Foto: Yan Krukau