Israel é modelo mundial na indústria de laticínios

Os israelenses são apaixonados por seus laticínios. O queijo cottage é tão importante para a maioria dos israelenses que o preço do produto foi motivo de protesto social há três anos.

Segundo Joshua Miron, responsável pelo Departamento de Ciências de Ruminantes do Centro Volcani em Israel, seu trabalho, no entanto, vai muito além do amor ao leite.

O Centro Volcani é um instituto de pesquisa mantido pelo governo e onde são estudados temas relacionados à agricultura, incluindo o gado leiteiro. Miron mostra à ISRAEL21c seu laboratório, uma instalação de alta tecnologia ao ar livre, que alimenta, protege, abastece com água e ordenha 230 vacas leiteiras do vilarejo de Beit Dagan, localizado a cerca de 20 minutos ao sul de Tel Aviv.

“São 120.000 vacas em 1.000 laticínios espalhados por Israel que produzem individualmente 11.500 litros de leite por ano de forma ecológica e em total conformidade com as leis”, explica Miron.

Delegações de muito longe chegam para ver o ecossistema israelense de estábulos em circuito fechado. Em um mês normal, é possível encontrar grupos de produtores de leite da Tailândia, França ou Rússia chegando ao centro de pesquisa israelense, que, na verdade, parece mais uma grande propriedade agrícola.

Alimentando as vacas com restos de comida

Da alimentação de vacas com subprodutos de alimentos vegetarianos “reciclados” passando pela produção de forragem em água reciclada e chegando ao retorno do estrume para os campos, Israel se tornou um modelo para a indústria mundial de laticínios, apesar da falta de água e de terras aráveis.

Os produtores de leite e sua rede de apoio no Centro Volcani observaram o tamanho de Israel – aproximadamente a extensão do Estado de Nova Jersey, nos EUA – e criaram um novo sistema de circuito fechado, que ajuda a indústria de leite a se integrar de forma mais consistente com os valores da Mãe Natureza.

“A questão é muito clara”, afirma Miron. “A indústria israelense de laticínios é muito sensível à opinião pública. E a opinião pública hoje se opõe ao lixo e aos danos ao meio ambiente. É a partir da preservação da terra e do ambiente que é possível evitar odores ruins e moscas nas áreas de ordenha. Segundo as leis israelenses, a ordenha deve ser completamente separada dos demais ambientes.”

Fundos privados e governamentais reuniram US$ 1 bilhão para renovar a indústria israelense de laticínios. O resultado são mudanças importantes, como camas especiais nos estábulos, a fim de evitar a contaminação das águas subterrâneas, e a adoção de subprodutos da indústria alimentícia para o gado, com o objetivo de reduzir o custo final do leite.lac2

Joshua Miron, responsável pelo Departamento de Ciências de Ruminantes do Centro Volcani.

A forragem produzida em Israel apresenta uma lignina dura. O Volcani, então, desenvolveu maneiras para produzir esse tipo de alimento em climas quentes, utilizando água salgada reciclada, que não pode ser usada em vegetais. A fórmula especial do centro garante que as vacas ainda recebam os nutrientes de que precisam.

A água, aliás, é um aspecto importante.

Há apenas 1,5 bilhão de metros cúbicos de água para a população de Israel a cada ano, restando 300 milhões de litros cúbicos para o setor agrícola. Apenas árvores, produtos não alimentícios e alimentos para animais podem ser irrigados com água reciclada, que pode carregar imensas quantidades de bactérias e muito sal.

Um equipamento desenvolvido pela AfiMilk com a supervisão do Volcani consegue monitorar as vacas em tempo real para que seja possível ter certeza de que o leite está livre de infecções e apresenta as proteínas e gorduras corretas. O mesmo sistema pode também ajudar a observar o bem-estar geral do animal.

A ordenha é uma indústria tradicional

Nem todos os projetos encontrados no Centro Volcani foram desenvolvidos em Israel, como é o caso das atividades de mistura de alimentos, todas baseadas em pesquisas norte-americanas. Os israelenses, no entanto, precisaram adaptar essas invenções para superar os desafios impostos pelo clima do país.

“Tivemos que atualizá-las para o clima do Oriente Médio, que produz forragens de qualidade inferior”, disse Miron, enquanto os animais mastigavam atrás dele em um estábulo aberto mantido cerca de 10 º mais frio do que o ar ambiente com o auxílio de ventiladores e climatizadores.

“Países desenvolvidos estão interessados na eficiência de Israel quando o assunto é a área coberta onde o gado fica abrigado, a forma como os sistemas de alta tecnologia monitoram a saúde dos animais e o sistema de nutrição”, afirma Miron.

Ele ainda não tem, entretanto, uma solução para os elevados preços do queijo cottage. “O problema não foi o preço do leite pago aos pobres produtores, já que, nos últimos sete anos, não houve sequer um aumento, com o valor em NIS 2,20 por litro. Depois de um simples processo de pasteurização e embalagem, o mesmo leite custa NIS 8. O supermercado é que está criando essa lacuna. E é esse o problema”, destaca ele à ISRAEL21c.

Quando o assunto é leite orgânico, Israel ainda tem um longo caminho pela frente. O Harduf – que conta atualmente com 200 vacas – é o único laticínio orgânico de Israel, até porque, segundo Miron, “a demanda ainda é baixa”. No Centro Volcani, no entanto, é possível aprender as melhores técnicas para tratar as chamadas ‘vacas orgânicas’.

“Podemos ensinar aos produtores de leite alguns métodos para o desenvolvimento de uma indústria melhor, do tratamento dos espaços onde ficam os animais ao uso das vacas de maneira mais produtiva”, conclui Miron.

Fonte: http://itrade.gov.il/brazil