Depois de pisar num capacho grudento, que parece fita adesiva, e em outro encharcado, que “lava” as solas dos sapatos, é preciso colocar protetores nos pés, touca nos cabelos e vestir máscara, macacão e luvas. A rotina que lembra a de uso de equipamentos de proteção individual por profissionais da saúde na pandemia da Covid-19 faz parte, na verdade, do protocolo de controle de qualidade farmacêutica criado em Israel para sua crescente indústria de maconha medicinal, e seguido pela Folha na visita à empresa Cannasure Therapeutics.
Nova empreitada de um grupo industrial líder em extração de óleo de soja, a empresa cultiva flores de cânabis a partir das quais fabrica cinco tipos de óleo para diferentes aplicações, além de desenvolver produtos ginecológicos à base de maconha.
Israel inaugurou a história moderna do uso terapêutico da cânabis a partir de descobertas científicas que revolucionaram o entendimento sobre a maconha e seus efeitos ainda nos anos 1960, quando a planta era ilegal em quase todo o planeta.
A vanguarda científica aliada à tradição de inovação em agricultura intensiva e ao perfil “high tech” da economia fizeram do país um expoente em pesquisa e desenvolvimento sobre maconha medicinal.
Hoje, Israel abriga cerca de cem startups de cânabis, parcerias entre universidades e indústrias, e programas para atrair capital estrangeiro ao setor, submetido a um processo de medicalização em 2016, em que o governo enquadrou a maconha medicinal nos parâmetros da farmacêutica convencional.