Uma comitiva de empresários acreanos embarca para Israel, no Oriente Médio, em busca de conhecer a tecnologia de criação de pescados no sistema
adensado. Em apenas uma hectare de lâmina d’guia, os piscicultores israelenses chegam a produzir 100 toneladas do produto. “A adaptação deste novo sistema poderá consolidar a nossa cadeia produtiva de pescado, porque poderemos concorrer com os demais produtores”, declarou no dia de ontem, o secretário estadual de Indústria e Comércio (Sendens), Fernando Lima.
Segundo ele, os criadores e investidores do empreendimento público privado do Complexo de Piscicultura Peixes da Amazônia S.A estão entusiasmados, com a proposta. Afinal, o setor conta com um frigorifico com capacidade de processar 70 toneladas de pescado por mês, enquanto a fábrica de ração chega a produzir 1.200 toneladas.
Os piscicultores que apostaram na nova atividade econômica, contam com mais sete mil tanques destinada a criação de peixes. A central de produção de alevinos chega a produzir (anualmente) dez milhões de surubins, tambaquis e piaus; e 350 mil pirarucus. “Em nosso stand, os visitantes poderão conhecer os petiscos à base do filé do tambaqui e pintado, além do bacalhau amazônico (pirarucu)”, destacou Lima.
Ele explicou que, antes de chegar a Terra Santa, os empresários acrianos passaram, pela Feira de Negócios da ExpoMilão que acontecerá em setembro na principal província da Lombardia, na Itália. Destacou que a Semana de Design de Milão será uma grande vitrine para os moveleiros cruzeirenses e artesões de marchetaria que estão com um stand no local. “A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) vem dando todo apoio logístico e orientando sobre as melhores estratégias para promover os nossos produtos no mercado internacional”, salientou.
Fernando acrescentou ainda, que 10 empresários acrianos que acompanharão o governador Tião Viana, desembarcam na capital milanesa em busca de prospectar novas oportunidades de negócios. A comitiva será composta por autoridades, donos de movelarias, piscicultores e suinocultores. “A nossa ideia é mostrar para os europeus, o que o Acre tem para oferecer”, enfatizou.
Portanto, com a consolidação destas novas cadeias produtivas, como a suinocultura e piscicultura, porque tem como diferencial a questão da sustentabilidade. “Estamos buscando novos nichos do mercado”, finalizou Fernando Lima.
Bactérias; o segredo da multiplicação dos peixes
Imagine um tanque para peixes construído em qualquer lugar que se desejar, feito de plástico comum, enchido com água de torneira com um pouco de sal, sem qualquer tratamento químico, que nunca precise ser trocada e que possa produzir 100 quilos de peixes por cada metro cúbico. É um sonho? É o milagre bíblico da multiplicação? Não. É a tecnologia que os produtores acreanos vão conhecer entre 08 e 11 de setembro em Israel.
Em pleno deserto, os produtores de lá alcançam 100 toneladas por hectare, enquanto a média mundial é de oito toneladas por hectare de água. O segredo tem um nome: bactérias. Uma empresa israelense, a GFA afirma oferecer uma solução para as restrições geográficas e ambientais das fazendas de peixes. A empresa desenvolveu uma forma de criar peixes em qualquer lugar, mesmo em condições extremas sem danos ao meio ambiente.
O processo usa filtros biológicos e bactérias especialmente desenvolvidas para tratar a água em que os peixes são cultivados, sem desperdiçar nada. O sistema pode ser ajustado para criar peixes de água salgada em qualquer lugar no mundo – até no deserto, a milhares de quilômetros do oceano.
Os tanques que usam o sistema são preenchidos com água e peixes e, depois, são acrescentados os micróbios da GFA. Esses micróbios tratam o nitrogênio e subprodutos de resíduos orgânicos da produção de peixes diretamente no tanque. Não há descarte de água. Na verdade, a única troca de fluidos é a adição de água para substituir a que é perdida através da evaporação.
A empresa afirma inclusive que os peixes cultivados em tanques purificados com seu produto têm um sabor melhor, por conta da água limpa em que crescem. Além de Israel, a empresa opera outra unidade de purificação em Nova York, que funciona desde 2009. A unidade de Nova York produziu cerca de 100 toneladas de peixes no ano passado, a maior parte formada por peixes de água salgada como pargo, perca e tilápia.
O sistema resultante permite a aquicultura de alta capacidade, com até 100 kg de peixe por metro cúbico de água. Além disso, devido à capacidade de cultivar peixes em qualquer ambiente, inclusive em grandes cidades, os peixes podem ser levados aos mercados no mesmo dia da captura. Isso permite aos produtores reduzir o tempo e os custos do transporte.
Sem a necessidade de uso de energia para a purificação, de remédios e estabilizadores, o sistema GFA torna a criação de peixes barata, pois os micróbios patenteados também são de baixo custo.
Com relação ao Acre, o sistema israelense pode fomentar a parceria, mas também a competição. A principal diferença é que toda a estrutura está voltada para peixes de água salgada, enquanto o diferencial acreano é a produção maciça de peixes de água doce, amazônicos, como o tambaqui e o pirarucu. Não se sabe se o processo de filtros biológicos funcionará na água turva e cheia de nutrientes necessária para a sobrevivência dos espécimes da região.
Mas a troca de experiências pode ser fundamental e, quem sabe, estimular o desenvolvimento de soluções inovadoras que não só permitam o cultivo de espécies locais com a tecnologia desenvolvida em Israel, como proporcione a venda de matrizes regionais para diversificar as espécies até agora disseminadas, todas de ambiente marinho.