David Bobrow fala sobre os desafios e estratégias da Tip Top para crescer

Liane Gotlib Zaidler – Para a Câmara Brasil Israel

tiptopA Tip Top transformou dois balões (um azul e outro vermelho), presentes em seu logotipo, em sinônimo de qualidade, inovação e conforto no segmento de vestuário infantil.

Em 1994, com  apenas 20 anos de idade, e enquanto cursava  Administração de Empresas, David Bobrow assumiu a  empresa e  apostou no crescimento e na migração da indústria para o varejo. Em entrevista à Câmara Brasil-Israel ele nos conta sobre a trajetória  de sucesso da Tip Top, que segue sob seu comando até hoje.

Como surgiu a Tip Top e como é sua  presença no mercado (número de funcionários, número de lojas, presença em lojas multimarcas, expansão da marca, etc.)

A Tip Top foi criada em janeiro de 1952 por Eugênio Saverin (avô de um dos criadores do Facebook). Em 1987, a então TDB Têxtil David Bobrow, que era vizinha da empresa,  adquiriu seu controle acionário. A partir de então a Tip Top conquistou excelência na produção, expandiu sua linha de produtos, atingiu grande escala de produção e conquistou amplo reconhecimento e liderança no mercado infantil.

Naquela época, quase 70% da produção era destinada a magazines como C&A, Renner e Riachuelo. Percebemos que precisávamos diversificar esse modelo de negócios e resolvemos investir em lojas monomarcas. Há sete anos abrimos a primeira loja com a marca Tip Top no Shopping Bourbon, em São Paulo, dando início ao projeto de expansão por franquias.  Hoje temos 101 lojas espalhadas pelo Brasil, sendo oito delas próprias e as demais franqueadas. Desde 2013, a marca também investe nas Megalojas, formato de negócio que nos permitiu ampliar nosso mix de produtos e atender quase todas as necessidades de uma criança. A primeira está localizada na região do Morumbi, na capital paulista, com 600 metros quadrados de área de vendas.

 A Tip Top tem quase 65  anos e é considerada uma marca forte e tradicional. Quais foram seus principais desafios e estratégias para crescer?

Os desafios foram vários. Antes de inaugurarmos  nossas lojas tínhamos uma fábrica na Grande São Paulo. Os custos em São Paulo estavam “explodindo” e, para continuarmos competitivos,  optamos por  abrir uma fábrica em Mato Grosso do Sul, e posteriormente uma segunda, no mesmo Estado. A empresa estava longe de nossos olhos, a 1.100km de distância, mas a decisão se mostrou acertada.

 Outro momento importante foi quando resolvemos entrar para o varejo, pois entendíamos muito de indústria e quase nada de varejo. Contratamos uma equipe com ampla experiência nessa área e começamos a estruturar nosso projeto de franquias. Também vale destacar a nossa aposta no projeto da Megaloja, o que nos abriu a possibilidade de atuar em um mercado muito mais amplo que o do vestuário.

 Como a empresa reajustou o seu perfil para entrar no mercado de franquias? 

Entrar para o mercado de franquias foi uma decisão acertada, uma vez que tínhamos uma marca forte e reconhecida em todo o país e acreditávamos em um projeto de crescimento.

Através do sistema de franquias, menos de três anos após a abertura da primeira unidade, a Tip Top já havia inaugurado 48 lojas. O consumidor passou a ter uma opção de compra de produtos de alta qualidade, com informações de moda, atendimento especializado, e excelente relação custo benefício nos principais centros comerciais do país.

Para isso acontecer precisamos fazer diversos ajustes, pois uma coisa é administrar o seu próprio negócio e a outra é ter uma rede de franquias com dezenas de pessoas que apostaram seus sonhos e economias em nossa marca.

 Quais as vantagens para quem pretende ser um franqueado?

Para nós o franqueado é como se fosse um sócio, que está entrando em um modelo de negócios que já é de sucesso. Prova disso é que este ano recebemos pela primeira vez o prêmio de melhor franquia do Brasil no segmento de vestuário, calçados e acessórios, concedido pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, considerada referência no setor. A Tip Top obteve a melhor média final após análise dos quesitos relacionados ao desempenho da rede que considerou critérios como satisfação e suporte ao franqueado; desempenho e qualidade da rede e força da marca, entre todas as franquias do segmento.

 Qual foi seu maior desafio profissional e como superou?

Os desafios da empresa foram os meus desafios profissionais, como por exemplo entrar na empresa aos 20 anos de idade e se fazer respeitado, mas tudo isso se resolveu com o tempo.

 Como você avalia a crise atual e quais foram os reflexos nos resultados da companhia?

Acho que a crise é séria, mas ainda não chegamos no fundo do poço. Imagino que as coisas vão piorar para depois começarem a melhorar. Por outro lado, quem estiver capitalizado terá grandes oportunidades, com condições que não existem em um mercado aquecido. As empresas estruturadas que conseguirem passar por esse período sairão mais fortes quando a crise passar.

 Algo que gostaria de acrescentar?

Como no Brasil tudo muda muito rapidamente, acho importante olharmos sempre para frente para tentar desviar dos problemas.