Balança comercial entre Brasil e Israel tem resultado histórico acima da média afirma Embaixador Gerson Menandro Garcia de Freitas

No final de março um grupo de 35 CEOs e empresários brasileiros esteve em Israel participando da II BTG Tech Trip Israel” missão organizada pela Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria e pelo Banco BTG Pactual.

Um dos pontos altos da programação foi o encontro com o Embaixador do Brasil em Israel, Gerson Menandro Garcia de Freitas, que concedeu esta entrevista com exclusividade para a Tribuna Judaica.

Como foi receber em Israel o grupo de empresários brasileiros durante a missão da BRIL Chamber com o banco BTG Pactual?

Tive a grata satisfação de conversar com os empresários brasileiros desta missão, em março passado, por ocasião da visita a Israel organizada pela BRIL Chamber e o BTG Pactual para conhecerem o ecossistema empreendedor israelense.  A equipe da Embaixada mantém contato frequente e estreita coordenação com a Câmara de Comércio, de forma que essas visitas configuram o coroamento de meticuloso planejamento e estudo de mercado.

A interação com os mais de 30 empresários paulistas foi muito positiva.  Abordamos diversos temas, com ênfase no status do relacionamento bilateral, que é muito dinâmico nas áreas de agritech, comercial, industrial, gestão de recursos hídricos, meditech, cooperação acadêmica, defesa, segurança, meio ambiente, ciência e tecnologia, cibernética e espacial, entre outras. Destacamos a intensa agenda cultural, um poderoso fator de – ainda maior – aproximação entre os dois países amigos, em especial no ano em que celebramos o Bicentenário da nossa Independência.

Concluímos o nosso diálogo com a apresentação de oportunidades de negócios, pesquisa e inovação. 

Fiquei muito bem impressionado com o alto preparo e interesse dos membros da comitiva em exportar para Israel e atrair investimentos israelenses para o Brasil, duas das atividades centrais desempenhadas pela Embaixada.

Cumprimento a todos os organizadores da missão a Israel, pela acurada seleção dos interlocutores, instituições e entidades realizada, na expectativa de colhermos ótimos resultados em futuro próximo.

Como o senhor avalia a atual relação entre Brasil e Israel em termos de negócios?

O Brasil é o maior parceiro comercial de Israel na América Latina.  A relação tem se fortalecido e ampliado, recentemente, com capacidade de ainda maior expansão. A intensificação das visitas entre os dois governos e o aprofundamento das tratativas para o incremento de projetos conjuntos reflete o aumento do interesse mútuo, tanto na esfera governamental, quanto nos diversos âmbitos das sociedades e segmentos da economia

Ademais, está em vigor, desde 2010, importante acordo de livre comércio entre Israel e os países do MERCOSUL, o que possibilitou a eliminação de tarifas de milhares de produtos da pauta comercial.

Vislumbro, ainda, grande potencial para parcerias entre empreendedores dos dois países.  Israel é um país com alto nível de desenvolvimento humano, fruto da qualidade educacional oferecida à população, da elevada renda per capita e da robustez de sua economia e de seu comércio exterior que, entre outras áreas, abriga o pujante setor de exportação de bens e serviços tecnológicos.

Há grande interesse em Israel por produtos brasileiros.  Temos trabalhado, em coordenação com outros atores relevantes, para diversificar a pauta exportadora do Brasil, ainda concentrada em commodities.  A abertura de escritório da Apex-Brasil em Jerusalém muito tem contribuído para esses esforços e avanços recentes.

Qual o comparativo da balança comercial desde que o senhor iniciou suas atividades como Embaixador em Israel?

O fluxo comercial entre os dois países tem se intensificado nos últimos anos.  Em 2021, mesmo com as restrições impostas pela pandemia, as exportações brasileiras cresceram da ordem de 39,4%.

Já no corrente ano, os resultados têm sido ainda mais auspiciosos. As estatísticas publicadas recentemente pelo Ministério da Economia apontam ter sido Israel, no primeiro trimestre, o principal destino das exportações brasileiras no Oriente Médio, correspondendo a 21% do total, no montante de USD 712,9 milhões. Este valor supera, em apenas três meses, todo o valor exportado pelo Brasil a Israel em 2021 (USD 597 milhões). O crescimento das exportações no período foi de significativos 547,5%.

 As importações brasileiras de Israel também cresceram, com variação de +32%.  Adubos e fertilizantes seguem na dianteira, representando 43% das compras. 

 Até o momento, a corrente de comércio já chegou a USD 1 bilhão, com crescimento de 206%, e inédito superávit brasileiro de USD 425,3 milhões.

Quais foram os setores que fizeram a balança comercial aumentar?

Este resultado, muito acima da média histórica, se deve, em parte, ao aumento nas vendas de petróleo, que chegaram a USD 505 milhões.  Outros setores também se destacaram: carne bovina (+64%), soja (+170%) e calçados (+84%).  O trigo também passou a figurar como importante item da pauta (USD 15 milhões), possivelmente como fornecedor substituto de cadeias globais de valor, diante do atual cenário econômico e político internacional.

Outra boa notícia é a busca da diversificação da nossa pauta exportadora, com a negociação ou já inclusão de produtos com maior valor agregado, como calçados, cosméticos, móveis e rochas ornamentais, e a abertura para pescados e frango, entre outros mercados. 

Qual mensagem o senhor daria para empresários que pensam em fazer negócios com Israel?

O exportador brasileiro terá oportunidade de encontrar relevantes parceiros em Israel. Além do comércio e investimentos entre os dois países, Israel poderá representar interessante opção para agregar valor a produtos por meio de parcerias tecnológicas e acessar terceiros mercados com os quais o país tem acordo de livre comércio.

Recomendo vivamente consultar o Guia Como Exportar – Israel, feito pela Embaixada do Brasil, e o Mapa Estratégico de Oportunidades, elaborado pela Apex-Brasil, ambos disponíveis na internet, com orientações valiosas para quem pensa em exportar , incrementar parcerias  ou atrair investimentos em Israel.