Uri Levine é um empreendedor em série. O israelense já teve várias startups e prestou consultoria para muitas outras. Mas ficou famoso mesmo com o Waze, aplicativo colaborativo de navegação por satélite comprado pelo Google em 2013. Levine é um dos três fundadores da startup, que nasceu em 2007 e tem atualmente 10 milhões de usuários só no Brasil – número que coloca o Waze em cerca de 20% da frota nacional.
Nesta quarta-feira (18/06), ele esteve em São Paulo para uma palestra sobre empreendedorismo no lançamento do Movimento Empreenda, da Editora Globo. Levine afirmou que gosta muito do Brasil e vê o país cheio de oportunidades, especialmente quando o assunto é negócios da internet.
Sobre sua veia empreendedora, o israelense afirmou que gosta muito do que faz. Questionado se pensava em se aposentar e tirar umas férias no Caribe após o negócio com o Google, disse que provavelmente só vai parar de trabalhar quando morrer. Além de tocar suas startups, ele também é investidor anjo e mentor de jovens empreendedores. “A maioria das pessoas não é empreendedora. Elas têm mais medo do fracasso do que paixão para transformar alguma coisa. Há poucos de nós no mundo”, justifica.
A jornada será difícil. Por isso, seja um apaixonado
Segundo Levine, não ter paixão pelo negócio que você está desenvolvendo é um grande problema. Isso porque a vida de um empreendedor é uma montanha-russa, há muitos obstáculos a serem superados e há grandes chances de ser obrigado a sacrificar algum aspecto da vida pessoal. “Se você não estiver apaixonado, uma hora deixará de fazer sentido”, diz.
Não se apaixonou? Continue namorando
Quando apostar em uma ideia, esteja certo de que ela é relevante para você. Se você acha que ainda não encontrou um bom problema para atacar ou não está muito confiante, espere mais um pouco.
Uma startup tem duas bases
A primeira é o problema que ela pretende resolver. A segunda são os usuários que sofrem com ele. É preciso pensar sempre na melhor maneira de resolver o problema específico para o usuário específico. Para isso, não adianta ficar pensando entocado dentro de um escritório. Vá para a rua, converse com as pessoas, entenda a demanda.
Crie um bom ambiente de trabalho
Levine contou a história de alguns amigos que fundaram uma startup, venderam para uma grande empresa e anos depois continuavam trabalhando lá. Intrigado com o caso atípico – a maioria dos empreendedores parte para outro negócio depois da venda -, ele questionou os colegas. A resposta? Era muito bom trabalhar lá. O israelense defende que é importante contratar pessoas com quem você goste de trabalhar e que acreditem no projeto.
Reconheça suas fraquezas
O fundador do Waze afirma que odiou ser CEO da empresa. Além de não ter as características necessárias para o cargo, já que ele é mais sonhador do que executor, Levine brigou muito com os investidores. Foi depois de um período difícil que eles decidiram contratar Noam Bardin, atual CEO.
Erre rápido
O erro é inevitável quando se é empreendedor. Assim, o melhor a fazer é errar o mais rápido possível, para poder consertar e melhorar seu produto. Como Levine gosta de repetir, “o maior inimigo do bom é o perfeito”. Ou seja, pare de enrolar e faça.
Aprenda com os usuários
São eles que usarão seu produto. Assim, se de repente várias pessoas baixam seu aplicativo mas só uma pequena parte volta para usar de novo, é preciso procurá-las para entender o que aconteceu. “Quem usou o aplicativo apenas uma vez tem a chave para você descobrir o que está errado com ele. Quem já é adepto não vai te dar um feedback útil”, diz Levine.
Não esconda sua ideia
“É possível agregar mais valor compartilhando ideias e ouvindo opiniões do que escondendo o negócio”, defende Levine. Para ele, quem fica fazendo muito segredo ainda não está pronto para lançar uma empresa.