Após três anos no Brasil, Boaz Albaranes avalia seu trabalho como Cônsul Econômico de Israel em São Paulo

boasnovoA Câmara Brasil – Israel de Comércio e Indústria, realizou no dia 27 de junho, no Restaurante Cantaloup, em São Paulo, um almoço de despedida para Boaz Albaranes, Consul Econômico de Israel em São Paulo, que em breve encerrará suas atividades no Brasil e voltará para Israel.

Em entrevista exclusiva ele fez uma avaliação sobre como foi seu trabalho no Brasil. Confira!

Como foi seu trabalho à frente do Israel Trade no Brasil nesses três anos?
Cheguei ao país em uma época muito interessante para o mercado brasileiro. Nossa principal atividade consiste em ajudar empresas israelenses a se estabelecerem no mercado brasileiro. Intermediamos os contatos com o Governo Federal e dos Estados, ajudando a construir plataformas para que as atividades comerciais possam ser desenvolvidas dentro dos objetivos, além de trabalhar diretamente com o setor privado brasileiro e israelense. Também organizamos delegações para virem ao país e vice-versa, mas sempre com um foco específico, dentro de um mesmo setor. Tivemos muito êxito em diversos setores, tais como: agricultura, água, fintech, marketing digital e equipamentos médicos, entre outros. Tudo isso me dá uma grande esperança de que apesar da crise o Brasil ainda vai decolar e crescer muito.

Quais eram suas expectativas quando chegou e o que conseguiu de fato concretizar?
É difícil falar sobre expectativas, pois antes de me estabelecer aqui, tinha visitado o país uma única vez como turista. Me surpreendi muito positivamente com várias coisas, como por exemplo o medo que as pessoas têm com a segurança pessoal, e a situação não é tão ruim como o que é mostrado lá fora. Também me surpreendeu positivamente o tamanho do mercado e das empresas. Sinto que agora tenho a missão pessoal de “vender” uma boa imagem do Brasil para Israel e apresentar as oportunidades que existem aqui.

Quais as principais dificuldades / empecilhos encontrados?
Posso ressaltar a burocracia, os impostos e o ritmo lento para algumas coisas serem resolvidas. Por outro lado, a nível pessoal, o brasileiro e o israelense são muito parecidos, porém na hora de fazer negócios é totalmente diferente. O israelense é muito direto e focado. Ele acha que seu produto é o melhor do mundo e acredita que todos vão comprar. Já o brasileiro prefere fazer negócios com alguém que ele tenha um bom relacionamento, mesmo que o que está sendo oferecido seja um pouco inferior. Apesar das diferenças, temos que aprender a conviver com elas e criar uma ponte.

Quais ações conjuntas foram realizadas para facilitar/ incrementar as relações comerciais entre Brasil e Israel e o que ainda pode ser feito?
Seguimos três linhas principais: ações para incrementar relações e acordos comerciais e de cooperação com o governo brasileiro, divulgação setorial com agenda e reuniões B2B e ajuda individual para empresas brasileiras com interesse em Israel e vice-versa.

E a atual crise? Como ela está repercutindo nas relações entre os dois países?
A crise também é uma oportunidade e ela acabou ajudando o ecossistema de inovação e empreendedorismo do Brasil a crescer.

Agora temos um Embaixador de Israel no Brasil. Como isso afeta as relações entre Brasil e Israel?
O Embaixador é o chefe da missão diplomática de Israel aqui no país e pode abrir muitas portas tanto no governo quanto no mercado privado. O embaixador Yossi Shelley é uma pessoa de alta capacidade e excelentes conexões.

O que você aprendeu aqui no Brasil que levará com você?
Percebi que mesmo no mundo dos negócios, tudo é pessoal. O networking e os contatos fazem toda a diferença. Também me tornei mais paciente e aprendi muito sobre mercado com escala. Israel é um país pequeno e o Brasil é enorme. Além disso, dois dos meus três filhos são brasileiros, o que deixa um vínculo ainda mais forte com este país que nos acolheu tão bem.

Liane Gotlib Zaildler – Para a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria