Após retomada de relações e acordo comercial, Israel e Emirados firmam parceria em cibersegurança

Em mais um passo na aproximação entre os dois países, Israel e Emirados Árabes Unidos assinaram na segunda-feira (26) um memorando de entendimentos para cooperação na área de cibersegurança. O objetivo é criar bases formais de colaboração para a “criação de um vibrante e dinâmico ecossistema internacional de segurança e cibersegurança”.

A acordo vem quase três anos após os dois países anunciarem a normalização de suas relações diplomáticas, o que aconteceu em agosto de 2020. Em maio do ano passado, Israel e Emirados avançaram para um acordo comercial, que cortou tarifas de dezenas de itens, de joias a produtos químicos.

Histórico de hostilidades

Os tratados foram considerados movimentos políticos importantes, dado o histórico de hostilidades entre Israel e as nações árabes. Até então, somente Egito e Jordânia mantinham relações diplomáticas com Tel Aviv.

O memorando de entendimentos prevê a participação da Cyber Together, entidade israelense sem fins lucrativos, e da empresa EliteCISO, pelo lado árabe. Nos primeiros 12 meses de parceria, está prevista a realização de eventos para troca de conhecimentos, tanto na área de pesquisa como no desenvolvimento da indústria ligada à cibersegurança.

Válido por três anos, o acordo também prevê o estabelecimento de um canal de comunicação permanente no alto escalão dos dois países, para promover programas de educação e conscientização em cibersegurança.

“O céu é o limite”

Responsável pela área de cibersegurança no governo dos Emirados Árabes, Al Kuwaiti disse que “o céu é o limite” no estreitamento de laços com Israel. Ele ponderou, no entanto, que se referia a questões de colaboração em tecnologia, mas sinalizou que podem haver novos avanços no campo diplomático.

“Vêm muitas coisas por aí. O céu é o limite. Há grandes relações, e eu estou falando sobre o nosso campo tecnológico. Há muitos outros, e tenho certeza de que a nossa diplomacia vai te dizer mais sobre o que há, mas, na parte tecnologia, estamos nos movendo muito”, afirmou Kuwaiti ao Valor.

“Vamos continuar os esforços na tentativa de promover uma cibercultura e é essa a guerra na qual estamos realmente focados, em ter um DNA na nossa vida. Nossos filhos usam tecnologia mais do que nós, eles dependem mais de tecnologia do que nós e o risco que eles veem no horizonte também são maiores daqueles que enfrentamos”, completou ele.

No lado israelense, a expectativa é que outros países árabes possam assinar em breve acordos semelhantes em cibersegurança, mais especificamente Egito e Jordânia, com os quais já há relações diplomáticas estabelecidas. A previsão é do chefe da Diretoria-Geral Cibernética do governo de Israel, Gaby Portnoy.

Mais direto sobre questões políticas, ele faz questão de responsabilizar o governo do Irã e as organizações Hamas (Palestina) e Hezbollah (Líbano) como os principais responsáveis pelos ataques cibernéticos contra Israel. Segundo Portnoy, esses ataques praticamente triplicaram entre 2021 e 2022.

Questionado sobre essas acusações, Kuwaiti disse que não comenta “nomes de países”. “Se você me trouxer alguma empresa atribuindo determinado ataque, definitivamente, a algum país, eu vou lá e contrato a empresa agora mesmo. Há muita especulação de que foi esse país por causa disso ou aquele por causa daquilo”, afirmou ele.

Fonte: Valor Econômico – O repórter viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Foto: Tima Miroshnichenko