Agtech israelense cria colmeia robótica para proteger abelhas

O israelense Saar Safra se propôs ao desafio de recuperar a população de abelhas em propriedades na Galileia e criou a primeira colmeia robótica do mundo.

O equipamento deu tão certo que originou uma agtech, a Beewise, já vencedora de diversos prêmios internacionais. A inovação usa inteligência artificial, robótica e softwares desenvolvidos pela própria startup para garantir a população de abelhas.

A Beewise atualmente vende sua solução para apicultores comerciais em Israel e nos Estados Unidos e planeja expandir suas operações em todo o mundo nos próximos anos.

Segundo Saar, salvar as abelhas é um problema urgente. Há oito bilhões de pessoas no planeta e as abelhas polinizam 30% de todos os vegetais, frutas, sementes e nozes que as pessoas comem.

Safra fundou a Beewise em 2018, com Hillel Schreier, Boaz Petersil e Yossi Surin. O quinto parceiro é Eliyah Radzyner, um apicultor comercial que o consultou para explicar a terrível situação das abelhas.

A solução começou a ser desenhada quando Radzyner disse que todos os apicultores usavam caixas de madeira como colmeias, basicamente as mesmas dos últimos 150 anos.

Tecnologia

A partir daí, a Beehome usa alta tecnologia para criar as condições ideias para até 40 colônias, mais de 1 milhão de abelhas, como um contêiner. Em seus lados há aberturas coloridas por onde as abelhas entram e saem.

A colmeia é totalmente movida a energia solar com baterias recarregáveis. O interior do Beehome parece uma biblioteca com centenas de livros, cada um com um centímetro de espessura, nas prateleiras.

Um olhar mais próximo enxerga que esses livros são células minúsculas – 6.000 delas, os quais são usadas pelas abelhas para armazenar mel. Além disso, um braço no centro da colmeia é o robô que usa inteligência artificial para cuidar das abelhas 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Isso resolve o problema do modelo tradicional de apicultura. A maioria dos apicultores comerciais tem centenas de colmeias, mas só conseguem verificar as abelhas nas colmeias poucas vezes por semana, muitas vezes chegando tarde demais para resolver eventuais problemas.

A vantagem da colmeia robótica é justamente monitorar constantemente as abelhas e pode responder imediatamente. Por exemplo, uma vez que a mudança climática afetou negativamente as abelhas, o Beehome pode ajustar a temperatura e a umidade da colmeia.

O robô trata as abelhas contra infecções, doenças e pragas, em particular o ácaro Varroa, que cresce no abdômen da abelha e ataca seu sistema imunológico.

O sistema Beewise também pode prevenir uma das maiores ameaças para as abelhas melíferas hoje: o Desordem de Colapso das Colônias, em que as colônias de alguma forma falham e há uma morte súbita dos insetos.

A causa desse distúrbio não é conhecida, mas os pesquisadores suspeitam de vários fatores, incluindo pesticidas, desmatamento e radiação eletromagnética de torres Wi-Fi.

Como as abelhas navegam usando uma estrutura magnética em seus abdomens, alguns cientistas acreditam que a frequência de Wi-Fi faz com que elas fiquem desorientadas.

Por fim, o Beehome evita o que é conhecido como enxameação. Isso ocorre quando uma colônia fica superlotada, os recursos são limitados e algumas das abelhas fogem em busca de um novo lugar para morar.

O robô percebe quando uma colônia pode estar prestes a se formar em enxame e ajusta as condições. O sistema também extrai o mel dos favos por meio de um sistema centrífugo automatizado.

A Beewise já arrecadou mais de US$ 40 milhões de diferentes investidores, incluindo uma doação da Autoridade de Inovação de Israel. A empresa conta atualmente com cerca de 50 funcionários. Safra disse que parte dos lucros da empresa é dedicada ao aumento da população mundial de abelhas. (com informações da empresa)