Marcelo Comité, diretor geral para a América Latina da Cellebrite explica como é feita a decodificação de celulares, tablets ou GPS de suspeitos ou vítimas de crimes
Liane Gotlib Zaidler – Para a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria
Quando foi fundada a Cellebrite e em quantos países ela está presente?
Fundada em 1999, a Cellebrite está estabelecida em Israel e é uma subsidiária integral da Sun Corporation, uma companhia japonesa listada na bolsa de Tóquio (6736/JQ). Com operações nos USA, Brasil, Alemanha, Singapura e UK, a Cellebrite é líder mundial no fornecimento de soluções para perícia Forense móvel e Mobile Lifecycle.
Quando a empresa chegou ao Brasil?
A empresa está no mercado brasileiro desde 2013 com foco na divisão forense, linha UFED (Universal Forense Extraction Device). No final de 2014, a empresa traçou uma estratégia para a expansão das operações e reestruturação da companhia para desenvolver um novo modelo de negócio e levar as suas soluções para as empresas de telefonia e varejo do segmento de celulares, com a divisão Mobile Lifecycle (MLC), com soluções especificas para atender o setor e agregar valor no ponto de venda. Além disso, a companhia mantém um plano global de expansão das atividades para ampliar a presença na América Latina por entender ser um mercado com grande potencial de crescimento e muito a ser explorado.
Quais suas principais atribuições como diretor geral para a América Latina?
Responsável pela operação geral da Cellebrite na América Latina tenho como meta a seleção de novos parceiros de negócios, explorar novos mercados, ampliação da carteira de clientes, aumento da receita e expansão dos negócios e do quadro de colaboradores para explorar todo o potencial que a empresa confere mundialmente em seu negócio.
A Cellebrite é conhecida por ser utilizada pelas principais agências de inteligência de todo o mundo, como a Interpol, a CIA e o FBI. Quais as principais soluções oferecidas?
As agências de inteligência de todo mundo utilizam as nossas soluções tecnológicas UFED. O sistema dispõe de recursos de software que permite a produção de provas forenses com níveis de evidência e formalidade compatíveis com a legislação de praticamente todos os países, incluindo o Brasil. A solução faz a decodificação e extração judicial de conteúdo digital de celulares, tablets ou GPS, armazenados no aparelho ou em nuvem privada, de suspeitos ou vítimas de crimes. A informação estratégica é obtida mesmo que o conteúdo seja bloqueado por senha ou criptografia, ou ainda, que tenham sido apagados da memória pelo usuário.
Como o uso da tecnologia da Cellebrite foi utilizado pela Polícia Federal nas investigações da Lava Jato?
Infelizmente não posso responder pela Policia Federal em relação ao uso nas investigações da Lava Jato, mas entendemos que a Superintendência da Polícia Federal, bem como outras forças de leis em todo mundo, utilizam a tecnologia da Cellebrite, para acessos e extração de dados contidos nos celulares, tabletes, pendrives e HD apreendidos por meio de autorização judicial dos suspeitos de crimes, constituindo prova forense que pode ser defendida nos tribunais.
Vocês ajudaram o FBI no caso de San Bernardino? O senhor poderia comentar sobre o assunto?
Não temos autorização para comentar esse processo que corre em sigilo de órgãos competentes de outro país.
Existe algum dispositivo impossível de ser hackeado? Ou todos tem alguma vulnerabilidade?
A Cellebrite não acessa nenhum dispositivo móvel sem que investigadores tenham em mãos tais dispositivos, que são apreendidos por meio de mandado de busca e apreensão de juízes de direito. A tecnologia da Cellebrite UFED é desenvolvida em um centro de pesquisa em Israel, que conta com mais de 250 funcionários especialistas no desenvolvimento de tecnologia reversa, para que órgãos competentes do mundo todo sejam capazes de extrair provas forenses e elucidar crimes, com o respaldo de juízes competentes, para a apreensão dos dispositivos móveis de pessoas investigadas e suspeitas. Todos os dias, os funcionários do laboratório da Cellebrite de Pesquisa e Desenvolvimento trabalham para poder levar aos clientes atualizações necessárias para que as investigações por órgãos competentes sejam possíveis. Ampliamos constantemente a nossa oferta e atualização de software para abranger o maior número de dispositivos e aplicativos disponíveis no mercado. Cabe à perícia o processo de coleta de artefatos (sejam eles digitais ou não), a manutenção da cadeia de custódia, o manuseio, a extração de informações, análise e geração de relatórios forenses que servirão como evidências em um processo legal e sustentação nos tribunais.
Como as informações são extraídas e decodificadas?
Oferecemos soluções flexíveis para atender a todas as necessidades operacionais e ambientes laboratoriais, com um conjunto de ferramentas confiáveis da indústria e por funcionalidades de análise que permitem aos usuários:
Ter acesso a todas as informações concentradas nos aparelhos por meio de dados e metadados armazenados nos dispositivos móveis;
Unificar a coleta, analisar e relatar os dados disparados em uma plataforma em comum;
Contornar bloqueios de usuários, recuperar dados de aplicativos e revelar dados apagados dos mais variados dispositivos no mercado forense móvel, inclusive dos principais smartphones;
Decodificar conjuntos de dados criptografados e não criptografados; bem como estreitar os resultados a determinados espaços de tempo e datas;
Revelar e visualizar dinamicamente conexões entre múltiplos dispositivos; até 100 extrações por caso;
Validar artefatos recuperados com um motor exclusivo de verificação de evidências;
Garantir que as extrações sejam realizadas de maneira judicialmente segura por meio de bootloaders patenteados apenas para leitura;
Gerar e compartilhar relatórios customizados fáceis de ler em diferentes formatos de arquivos com conteúdo efetivo de monitoramento das atividades exercidas pelos suspeitos.
É possível acessar dados na “nuvem”?
Sim, por meio da análise dos dados e metadados armazenados no celular e em todos os aplicativos que dispõem dos recursos e que geram códigos de referência. A solução Cellebrite fornece aos profissionais forenses a extensão da análise dos dados em dispositivos móveis para contas de redes sociais e armazenamento privados por meio da decodificação dos dados armazenados na nuvem.
Quais as soluções oferecidas pela Cellebrite para o varejo?
A Tecnologia Mobile Lifecycle (MLC) traz solução de transferência de dados para dispositivos móveis multiplataforma (iOS, Android, BlackBerry e Windows Phone), oferece para os varejistas do setor e empresas de telefonia a possibilidade de transferência de dados, backup de conteúdo, diagnóstico do aparelho, detecção e correção no hardware e software dos celulares e smartphones, para impulsionar as vendas e ampliar as oportunidades de negócios nas lojas.
A linha MLC auxilia os varejistas a fidelizar os seus clientes com a oferta da migração do conteúdo da memória do aparelho, do cartão de memória e do sim card para um novo aparelho de todas as marcas disponíveis no mercado. Desta forma, o consumidor garante a transferência de todos os seus dados e backup do conteúdo, com segurança e sigilo, no ponto de venda. Conta ainda com o recurso de exclusão definitiva, o Wipe, para limpeza das informações contidas no aparelho. Além da transferência entre celulares, a linha MLC traz o wipe Forensic para Brokers e Repair Centers que realiza também a migração de conteúdo entre chips, sem qualquer restrição de plataforma, elimina erros de provedores de serviços pós-venda e limpa todos os dispositivos com metodologia forense.
Além do Web Diagnostic, um aplicativo fácil de usar baseado na Web para a identificação e resolução de falhas e problemas com os dispositivos móveis. A solução fornece um canal adicional para que um representante de call center possa interagir e até mesmo remotamente aplicar alguns testes.