Um conjunto de quatro usinas de dessalinização somadas à eficiente gestão do saneamento básico, com forte combate às perdas hídricas nas redes de abastecimento, e irrigação controlada gota a gota, permitem à Israel ter uma segurança hídrica invejável. A Comitiva do Consórcio PCJ visitou no último domingo, dia 11 de outubro, a famosa e uma das maiores usinas de dessalinização do mundo, Sorek, ao sul de Tel Aviv, além de conhecer o trabalho da empresa de abastecimento israelense, Mekorot, e o trabalho de irrigação por gotejamento da empresa Netafim, no kibutz Hazerim, numa região desértica ao sul de Israel.
Sorek foi o ponto de partida para o início das visitas técnicas. A usina ocupa uma área de 100 hectares e está a pouco mais de dois quilômetros distante do mar. Ela trata 150 milhões de metros cúbicos de água salina por ano, o equivalente a 7 m3/s. Dois dutos de 3,3 m de diâmetro captam água a 1,2 km mar a dentro, na costa de Tel Aviv. Um terceiro duto lança o resíduo do tratamento, a salmoura, a 2 km da costa.
O processo de tratamento da água do mar é feito a partir de membranas maiores do que as utilizadas em outras usinas de dessalinização. Enquanto as membranas convencionais possuem diâmetro de 20 cm, as de Sorek são duas vezes maior, cerca de 40 cm, o que permite realizar o trabalho de quatro membranas convencionais. A vida útil dessas membranas costuma ser, em média, de cinco anos, podendo chegar até a 12 anos, dependendo de seu uso.
O tratamento para dessalinizar a água é feita por osmose reversa, pois, sendo necessário energia elétrica para aumentar a pressão nos tubos de tratamento em 70 atmosferas, a mesma pressão verificada em profundidades de 700 metros. A energia utilizada nesse processo é reaproveitada, visto que a salmoura, resultante do processo de dessalinização, transmite mecanicamente sua energia acumulada à água filtrada, facilitando seu transporte. Esse mecanismo é semelhante ao funcionamento do êmbolo de uma seringa, quando se emprega pressão pelo posicionamento dos dedos para expelir o líquido do interior da mesma. No caso de Sorek, parte da força empregada para dessalinizar a água é reaproveitada para eliminar a salmoura. Esse movimento permite a economia de energia elétrica utilizada pela usina. “A ideia é reduzir ao máximo o custo de produção da água”, relatou o gerente de desenvolvimento de negócios de Sorek, Fredie Lokie
Está previsto para entrar em operação a partir de março de 2016 uma usina termelétrica exclusiva para abastecer Sorek e, assim, não haver necessidade de uso de energia elétrica da rede. A térmica utilizará como combustível o gás natural que é menos poluente do que o carvão. Essa iniciativa também deverá reduzir o custo de gasto com energia elétrica no tratamento de dessalinização. Desde sua concepção, Sorek previa a construção de uma termoelétrica para abastece- la a partir de 2016, o que será cumprido exatamente como o planejado.
O governo de Israel não investiu um dólar sequer na construção de Sorek. Para a licitação da obra, foi realizado um concurso, no qual o projeto com melhor tecnologia e menor custo sagrou-se vencedor. A empresa ganhadora ficou responsável pela construção e operação da usina por 35 anos. Após esse período, Sorek será repassada integralmente ao governo israelense. Hoje, opera a usina um consórcio de duas empresas: a IDE Technologies, que possui 51% de participação, e a Hutchison Water, com 49%.
Quando o consórcio ganhador do concurso apresentou o projeto de Sorek ao governo de Israel, nele previa-se que a usina forneceria até 150 milhões de metros cúbicos por ano e que o custo da água tratada seria de US$ 0,585.
Os custos da usina são divididos em fixos e variáveis. Os custos fixos são os que envolvem a operação e manutenção, já os variáveis são os compostos por energia elétrica, taxa de inflação, taxa de câmbio. De acordo com esses preços o valor da água sofre variações.
Caso ocorram chuvas intensas e a usina tenha de parar sua produção por excesso de água, os custos fixos continuarão a ser pagos. Há dois anos atrás, houve a ocorrências de fortes precipitações em Israel, em que foi necessário a redução da produção das demais usinas de dessalinização, mas Sorek continuou a operar normalmente porque o seu custo de produção é menor.
Quanto aos impactos ambientais, o gerente de desenvolvimento de negócios de Sorek, destaca o cuidado com filtros que não permitam a sucção de espécies marinhas, redução do consumo de energia elétrica e de produtos químicos no tratamento, e destinação adequada do resíduo do tratamento (salmoura). “Toda usina tem impacto ambiental, mas não construí-la geraria um impacto socioambiental muito maior”, afirmou Lokie.
Francisco Lahóz, secretário executivo do Consórcio PCJ, posa ao lado de um exemplo de duto que capta água do mar para Sorek.
A gerente técnica do Consórcio PCJ, Andréa Borges, experimentou a água dessalinizada.