Apesar da guerra, comércio árabe-israelense segue forte

Antes de 7 de outubro de 2023 e do ataque do grupo terrorista Hamas a Israel, o Conselho EAU-Israel postava quase diariamente nas redes sociais. A entidade, sediada na cidade israelense de Tel Aviv, afirmava entusiasticamente ao mundo como eram boas as relações comerciais entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, após a normalização das relações entre os dois países, em 2020, com a assinatura dos chamados Acordos de Abraão. Após um ano de conflito, os negócios entre os dois países permanecerem comparativamente robustos, os laços comerciais entre e Israel e essas nações não parecem ter sido abalados.

De todos os países da região, os Emirados Árabes Unidos são os que realizam mais negócios com Israel, seguidos da Jordânia, Egito, Argélia, Marrocos e Bahrein – segundo o valor do comércio bilateral entre Israel e cada um desses países em 2022.

De acordo com estatísticas mensais sobre o comércio exterior de agosto de 2024, coletadas pelo Escritório Central de Estatísticas israelense, a quantidade de comércio – exportações e importações – que esses países realizam com Israel permaneceu majoritariamente positiva este ano.

No caso da Jordânia, o comércio em agosto deste ano foi quase o mesmo do ano passado, diminuindo apenas cerca de 1%. Ao mesmo tempo, no Egito, os negócios com Israel em agosto cresceram mais de 30%. O comércio com o Marrocos e o Bahrein, também signatários dos Acordos de Abraão, também aumentou significativamente este ano, apesar das ameaças feitas anteriormente pelo governo bareinita de romper os laços comerciais.

Em 2023, o comércio total entre Emirados Árabes Unidos e Israel foi estimado em cerca de 2,9 bilhões de dólares (R$ 16,5 bilhões) e a expectativa é que o valor aumente este ano. Nos primeiros sete meses de 2024, on negócios entre os dois países já totalizaram 1,922 bilhão de dólares. Mantendo essa tendência, o comércio total pode chegar a 3,3 bilhões de dólares até o final do ano.

Contudo, segundo especialistas, isso é algo difícil de prever. Embora os laços comerciais tenham se mantido, a taxa de crescimento desencadeada pelos Acordos de Abraão certamente diminuiu. Houve ainda outros impactos, como a queda no turismo e a interrupção da logística, como os ataques dos rebeldes houthis no Iêmen às rotas da navegação comercial no Mar Vermelho.

Ainda assim, segundo empresários israelenses e emiradenses, a maioria das mudanças nas relações comerciais foi superficial, não levando em conta os setores diretamente impactados pelo conflito. Acordos ainda estão sendo feitos, afirmaram empresários israelenses e árabes a jornalistas, ainda que em menor quantidade, embora ninguém queira discuti-los abertamente.

“Em alguns casos, os negócios até se expandiram”, afirmou Dina Esfandiary, consultora sênior para o Oriente Médio do think tank Crisis Group, à DW.

Fonte: Deutsche Welle | Foto: Oleksii Liskonih / Getty Images