Tecnologia na produção de mudas de hortaliças

Moacir Baldissarelli administra o viveiro que leva o sobrenome da família. No mês passado, ele foi até Israel para visitar uma das maiores feiras do mundo de irrigação e componentes para estufas.

Um dos maiores viveiros de olerícolas do Paraná fica no Sudoeste, no interior de Marmeleiro. Há 13 anos, a família Baldissarelli vende mudas de hortaliças e hoje atende 100 municípios do Oeste e Sudoeste do Paraná e Oeste de Santa Catarina, com catálogo que dispõe mais de 70 espécies.

No início, além da produção das mudas, a família também cultivava as hortaliças para vender aos mercados, mas foi preciso definir apenas um segmento. “Nós produzíamos hortaliças, depois começamos com as mudas e a hortaliça pronta, mas chegou uma hora que precisamos escolher um rumo, porque não tinha como vender a muda de hortaliça e também brigar na gôndola do mercado, porque o teu cliente da muda era teu concorrente”, comenta o proprietário Moacir Baldissarelli.

A necessidade de otimizar o processo de produção despertou a expansão do negócio. “Além das mudas de hortaliças, fomos inovando e achando alternativas, com isso, começamos a vender insumos para os produtores e montamos estufa para produção hidropônica e semi-hidropônica. Temos uma indústria de estufas e equipes de montagem das estufas, vendedores externos, engenheiro agrônomo e cinco caminhões para as entregas”, enumera Moacir.

Em complemento, Moacir implantou uma máquina moderna, que semeia em bandejas recicláveis não agredindo o meio ambiente e com uma sanidade incomparável, para agilizar o processo de semeadura. “Hoje, é tudo automatizado, desde a semeação. Há uma máquina operada por três funcionários que solta a bandeja, coloca o substrato e as sementes, tira o excesso de substrato, solta a semente, molha a bandeja semeada e faz pacotes de cinco ou seis bandejas. Ela semeia 600 bandejas por hora. A bandeja com as mudas permanece 48 horas na câmara de germinação e aí vai para as estufas. É um negócio automatizado, pois tem que ganhar eficiência, já que o preço da muda é barato”.

Na estufa há um sistema automático que está programado para molhar e fazer a fertirrigação das bandejas na hora exata e na quantidade ideal de água. No teto do viveiro, há um borrifador — também automatizado — para controlar a temperatura interna nos dias de calor. “No verão, em três semanas a muda tá no ponto de venda, no inverno são quatro semanas. No verão é mais rápido porque tu tem uma quantidade de hora luz por dia maior e temperatura maior. No inverno é o oposto.”

A Baldissarelli vende as mudas para as agropecuárias fazerem a distribuição e também direto para grandes produtores. “Para o produtor, não é mais negócio fazer as próprias mudas, pois vai precisar investir em uma estrutura específica e cuidar por 30 dias. Assim, ele usa o tempo dele para produzir a hortaliça e comercializar a produção, por exemplo”, enfatiza Moacir. A hortaliça mais vendida pelo viveiro é a alface crespa, seguida da alface americana.

Cultura hidropônica
Segundo Moacir, cerca de 75% do montante vendido pela empresa é destinado a produtores hidropônicos. “Falando de folhas, por exemplo, alface, rúcula e agrião, o cultivo convencional é mais oneroso, mais trabalhoso. Em uma horta, tem que preparar o solo, adubar, capinar, fazer rotação de cultura. Já na hidroponia é possível trabalhar numa posição confortável para plantar, limpar e colher, sem contar que o desenvolvimento da planta é mais rápido e chega a antecipar de quatro a cinco dias. Além disso, se torna mais barato o custo de produção, pois a perda é menor. Na hidroponia planta mil pés, colhe 990.”

Projetos de estufa
Na empresa da família Baldissarelli, além das 20 estufas, há uma indústria que fabrica as estufas para cultivo hidropônico e semi-hidropônico. “Nós desenvolvemos projetos personalizados conforme a necessidade do cliente. A estrutura da estufa é de aço galvanizado e sai daqui pré-montada, finalizando a montagem no local da obra. Nós fizemos, por exemplo, para tomate semi-hidropônico, que exige toda uma estrutura específica, com altura de pé direito, sistema de irrigação antidrenante e autocompensante para explorar o máximo potencial genético da cultura”, conta Moacir.

Apesar de fabricar peças próprias, a Baldissarelli precisou buscar algumas tecnologias no mercado exterior. “O plástico que utilizamos, vem de Israel. Fazemos importação, pois é o melhor plástico pra isso no mercado, são cinco camadas. Alguns componentes de irrigação nós importamos de lá também.”

Experiência no mundo árabe
Em maio, Moacir foi até Tel-Aviv, em Israel, para a Agritech, uma das maiores feiras de tecnologia em irrigação e estufas, e para a Conferência Internacional da Ginegar – empresa israelense de plásticos e malhas de proteção para a agricultura. O País é um grande exportador de tecnologia para sistemas de cultivo protegido. “O que tu imaginar de tecnologia voltada à produção, tem lá, porque as condições climáticas e de solo deles são muito adversas para produção. Lá são extremos: no deserto, durante o dia, chega a 60 graus e à noite pode ter temperaturas negativas. Ou seja, tem problemas de clima, não tem água e foi necessário desenvolver tecnologias para produzir. Hoje, além de produzirem as hortaliças de maneira hidropônica, eles ganham dinheiro vendendo essa tecnologia para o mundo. As principais empresas de plástico e irrigação do mundo são de lá.”