A primeira empreitada israelense no mercado automotivo não é lembrada com saudades. O país produziu, nos anos 1960 e 1970, a marca Sussita, que, segundo a lenda, servia de comida para camelo no deserto -eles se fartariam com a estrutura feita de fibra de vidro.
A expectativa agora, porém, é outra, e as empresas do país querem se aproveitar da revolução digital que tem embaralhado as cartas do setor.
Em vez de construir carros de ponta a ponta, centenas de start-ups se especializam em tecnologias fundamentais para o carro do futuro.
A principal aposta é que ele será cada vez mais autônomo e trocará o uso de combustível fóssil pela energia elétrica.
Segundo o investidor americano John Medved, sócio da empresa Ourcrowd (plataforma israelense para conectar pela internet investidores, start-ups e grandes empresas), o país conta com cerca de 450 projetos ligados à mobilidade, a maioria delas criada nos últimos três anos.
São companhias que desenvolvem novos sensores para carros, softwares para garantir a segurança dos veículos conectados, serviços para municípios monitorarem as frotas autoguiadas e dispositivos de rastreamento de maior precisão.
A busca por sucesso tem como maior referência a Mobileye, nascida em 1999 e comprada pela americana Intel por US$ 15 bilhões neste ano.
Ela possui tecnologia para aumentar a segurança no trânsito a partir de câmeras e inteligência artificial.
Os dispositivos da empresa (instalados em 20 milhões de carros) são capazes, por exemplo, de alertar com sons motoristas quando eles estão mudando de faixa sem querer ou se aproximam perigosamente de outro veículo.
Se a companhia nasceu tentando diminuir as distrações dos condutores, seu próximo passo é tirá-los do volante de uma vez por todas.
Ela desenvolve projeto, em parceria com a BMW, para, até 2021, colocar no mercado um carro autônomo.
A alemã não é a única de olho em Israel: Honda e Volks anunciaram planos de desenvolver centros de pesquisa no país, e a GM pretende dobrar de tamanho o seu.
A sul-coreana Samsung e a alemã Daimler, por sua vez, se aliaram à start-up Storedot, desenvolvedora de baterias que podem ser recarregadas em cinco minutos.
De acordo com Erez Lorber, sócio e diretor de operações da companhia, as baterias devem estar no mercado em quatro anos.
Em sua visão, o futuro do automóvel será elétrico, autônomo e sob demanda. Ou seja, em vez de se ter um carro, fará mais sentido chamar um quando preciso.
Dessa forma, os carros ficarão sempre circulando, indo de um passageiro a outro. Isso só será viável, porém, caso se tenha um sistema de carregamento eficiente, que não exija que os automóveis fiquem por oito horas parados para renovar sua energia.