Alexander Wolf, CEO da Wolf Seeds fala sobre um lançamento que está revolucionando o mercado e explica por que o gado deve comer pastagem e não grãos
Liane Gotlib Zaidler – Para a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria
Conte-me brevemente sobre sua trajetória profissional.
Natural da Holanda, fiz minha faculdade na University of Miami (Coral Gables, FL, EUA) onde me formei em “Finanças Internacionais” e “Marketing Internacional”. Após o término, me juntei à empresa da minha família, WOLF SEEDS e me mudei para o Brasil, onde está sediada a parte de produção e distribuição dos produtos da empresa. No Brasil, fiz MBA em Gestão Empresarial na FGV. Dentro da empresa trabalhei em vários setores para conhecer todo o processo até chegar ao nosso produto final. Fiquei vários anos trabalhando no departamento de Exportação e hoje sou CEO da Wolf Seeds.
Quais os principais produtos e serviços oferecidos pela empresa?
A Wolf Seeds trabalha com uma linha completa de sementes para pastagens, Integração-Lavoura-Pecuária (ILP), Integração-Lavoura-Pecuária-
Como é a presença da Wolf Seeds no Brasil e no mundo?
A Wolf Seeds está presente em todos os estados brasileiros através de representantes e distribuidores. Também exportamos para 65 países, principalmente no mundo tropical.
Atualmente, o Brasil é o maior exportador de carne bovina e a Wolf Seeds tem papel relevante nessa vitória. O que vem a ser o “boi verde” e qual a vantagem desse tipo de alimentação?
O Brasil é o maior exportador de carne bovina e a maioria dos bois consomem o pasto como seu principal meio de alimentação, por isso o termo “boi verde”. Aqui no Brasil, o boi à pasto é algo normal, mas fora do país como nos Estados Unidos, 97% dos bois estão confinados consumindo ração especial, a base de milho e muitos outros suplementos. O gado é “feito” para comer pastagem, não grãos. Claro que podemos engordar com grãos, mas isso afeta o animal de maneira negativa. A carne de boi à pasto é uma carne muito mais saudável para nosso consumo, pois contém mais nutrientes e menos gordura. A carne de “boi verde” é melhor para a saúde do animal e para a nossa saúde também.
Como é feita a interação entre lavoura, pecuária e floresta (ILPF), conhecida como uma das mais importantes estratégias de produção agropecuária sustentável?
A ILPF é uma das mais importantes estratégias para uma produção agropecuária sustentável, pois possibilita que as atividades agrícolas, pecuárias e florestais sejam integradas na mesma área. Pode ser adotada por produtores rurais de todo o país e em alguns países de condições parecidas, independentemente do tamanho de suas propriedades. Para realizar a interação, devemos respeitar as seguintes etapas:
1º ano – plantio de árvores e cultivo de lavoura;
2º ano– desenvolvimento de árvores e cultivo de lavoura;
3º ano – desenvolvimento de árvores e cultivo de lavoura consorciada com forrageira;
4º ano – desenvolvimento de árvores e pastejo da forrageira;
5ºano – desenvolvimento de árvore e pastejo da forrageira;
6º ano – desenvolvimento de árvore;
7º ano ou mais – corte das árvores.
Vocês desenvolvem algum tipo de trabalho tendo em vista o meio ambiente, o reflorestamento e a sustentabilidade?
A Wolf Seeds sempre se preocupa em ter uma produção mais eficiente com menos impacto ambiental. Com nossa nova variedade, a Brachiaria Mavuno, os pecuaristas conseguem colocar mais animais por hectare e ainda engordar o gado em menos tempo. Com isso, os pecuaristas podem usar menos hectares para produzir a mesma quantidade ou colocar mais animais na mesma área e subsequentemente produzir mais. A Brachiaria Mavuno tem raízes que atingem mais de 2 metros de profundidade, o que deixa a planta absorver mais nutrientes. Estas raízes também deixam a planta produzir muito mais no inverno, oferecendo forragem para os animais quando a chuva cessa por meses e quando as pastagens convencionais estão secas sem possibilidade de nutrir os animais. Sempre sugerimos para nossos clientes, utilizarem em seu manejo, técnicas mais sustentáveis, como a Integração-Lavoura-Pecuária-
Qual sua opinião sobre o presente e o futuro do agronegócio brasileiro?
O cenário atual do agronegócio é positivo, apesar da instabilidade no governo e da situação econômica do país, mas poderia ser muito melhor. O Brasil tem um potencial imenso, porem precisa de um ambiente favorável para atingir todo seu potencial. Acredito que o futuro do agronegócio brasileiro será excelente! O país tem condições climáticas super favoráveis para produzir o ano todo, algo que outros países não conseguem fazer.
Em que medida a atual valorização do dólar afeta o ambiente de negócios no campo?
A valorização do dólar e favorável para a exportação, mas o problema atual é que existe muita instabilidade dentro do país, o que faz o dólar oscilar muito, dificultando a estabilidade de preços dos nossos produtos para exportação e afetando os preços para nossos clientes fora do Brasil.
Quais os principais desafios a serem superados?
A introdução de uma nova variedade Hibrida dentro de um mercado onde se utilizam somente variedades consideradas comuns, é nosso principal desafio. Felizmente estamos conseguindo mostrar para os pecuaristas todas as vantagens que possui a Brachiaria Mavuno, não só para os animais, mas especialmente para sua rentabilidade. Usando nosso produto e tratando a pastagem como uma cultura, os pecuaristas estão conseguindo aumentar significativamente seus lucros na pecuária.
Algo que gostaria de acrescentar?
Muitas pessoas adoram um bom queijo, o pão com manteiga na chapa, iogurte com granola, uma carne bem feita, sapatos e bolsas de couro, etc. O que a maioria das pessoas não pensa é o que há por trás destes produtos. Todos os produtos mencionados, entre outros, dependem do animal, do solo, da chuva, do sol, da terra, e especialmente da semente. Tudo isso começa com uma pequena semente de pastagem que possibilita toda esta cadeia. O consumidor deve ter em mente que a base para a qualidade de todos esses produtos provém de uma semente, que dá início a todo o processo.